Wílon Wander Lopes (*)
Logo que tomou posse como governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg anunciou que iria usar a expressão “Governo de Brasília para denominar sua gestão. E para explicar tal mudança, alinhou motivos marqueteiros, nenhum deles capaz de justificar a alteração do nome da única unidade federativa que é expressamente citada na Constituição Federal. Um valor a ser defendido. Uma ousadia e tanto de Rollemberg!
Em seguida, talvez satisfeito com a repercussão de seu gesto, especialmente entre os bem-nascidos e entre os malcriados do Plano Piloto, Rollemberg também começou a usar a expressão “Governador de Brasília” – que choca com o diploma que a Justiça Eleitoral lhe outorgou, de Governador do Distrito Federal. Tais atitudes esbarram na Constituição Federal e, principalmente, na Lei Orgânica – que não é de Brasília, mas do DF.
A polêmica mudança também serviu para reavivar um preconceito que existe desde os primórdios da construção de Brasília: a distinção entre a capital federal, onde o governo sempre providenciou estrutura e serviços de primeira qualidade no Plano Piloto, agradando seus funcionários (que não queriam deixar as praias cariocas), e as então chamadas cidades-satélites, onde sempre faltou tudo, inclusive respeito à sua sofrida população.
A atitude de Rollemberg mostrou que o preconceito continua forte entre os acomodados no Plano Piloto, que devem ter dito a ele: “tira este problemático DF pra lá!”. A mudança trouxe discordância dentro do próprio governo. Ela é flagrante nos editais que os órgãos do DF publicam, usando as duas expressões: em uns, “Governo de Brasília”; em outros,“Governo do Distrito Federal”.
O mais grave, porém, é o fato de que, sendo chefe do Poder Executivo, Rollemberg abandonou flagrantemente o solene juramento que fez quando tomou posse no governo: o de cumprir e fazer cumprir a Constituição e a Lei Orgânica do Distrito Federal.
O nome do nosso Executivo sempre foi Governo do Distrito Federal. No início do seu governo, Rollemberg mudou para Governo de Brasília. Se era apenas uma jogada de marketing para o novo governo ter sua marca, por que a mudança oficial continua?
Para alguns pode parecer só uma ousadia folgazã, mas há atos formais do governo sendo publicados com o nome errado. E daí poderão advir sérias consequências…
(*) Jornalista e Advogado} else {