Governadores de todo o Brasil se reúnem hoje à tarde com o presidente interino, Michel Temer, para pressionar o governo federal a acelerar o processo de renegociação das dívidas com a União. Há um temor no Planalto de que o socorro emergencial ao Rio de Janeiro, após decretação de estado de calamidade pública, provoque um efeito cascata e aumente a já elevada cobrança por recursos. A expectativa é de que, por meio de uma medida provisória, Temer libere R$ 3 bilhões para o estado fluminense. Levantamento do Correio aponta uma dívida de R$ 490,7 bilhões dos estados com o governo federal. Esse valor pula para R$ 610,7 bilhões se forem incluídos empréstimos com bancos públicos e privados. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os mais endividados. A situação, dizem os governadores, é bastante delicada. Na pauta que vão levar a Temer, além da renegociação das dívidas, os chefes dos executivos estaduais cobram destravamento das operações de crédito e liberação dos recursos referentes a compensações previdenciárias.
Antes do encontro com o presidente, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), comandará uma reunião na residência oficial de Águas Claras. O objetivo é traçar uma pauta geral e alinhavar estratégias específicas levando em conta a situação de cada estado. Onze governadores confirmaram presença. Ontem, Rollemberg afirmou que a expectativa é bastante positiva. Ele explicou que a situação do Rio de Janeiro é extrema. “O Fórum de Governadores quer apresentar uma agenda para os estados voltarem a ter capacidade de investimento. Neste momento, os temas mais importantes são renegociação das dívidas, destravamento das operações de crédito e liberação das compensações previdenciárias”, declarou.
O Distrito Federal tem uma dívida de R$ 1 bilhão, uma das menores do Brasil. “Para a gente, é importante que a União libere a compensação previdenciária. São R$ 724 milhões a que temos direito”, informou. De acordo com Rollemberg, em entrevista ao Correio, não existe mais margem para cortes. “O cenário é de instabilidade e de incertezas. A gente não sabe como vai se comportar a arrecadação nos próximos meses. Vamos ter um fim de ano muito difícil. Vamos precisar de suplementação orçamentária, na Saúde, por exemplo. Nós precisamos de ajuda do governo federal também. Todos os estados devem ter uma pauta comum e uma diferenciada.”
Isonomia
A expectativa é de que Michel Temer só decida sobre a liberação dos recursos emergenciais para o Rio de Janeiro após encontro com os governadores. Nos bastidores, circula a informação de que o Planalto reprovou a decretação do estado de calamidade pública no Rio de Janeiro. A avaliação é de que outros governadores vão cobrar isonomia. A situação de Minas e Rio Grande do Sul é extremamente complicada. Há risco de comprometimento na prestação de serviços públicos essenciais.