Tersandro Vilela (*)
O Google anunciou, na terça-feira (9), no evento anual Google Cloud Next, em Las Vegas (EUA), um novo pacote de tecnologias voltadas à inteligência artificial e à computação em nuvem.
As novidades incluem um processador inédito para acelerar tarefas de IA e um protocolo aberto para que agentes autônomos colaborem entre si em fluxos de trabalho complexos.
A expectativa do Google é que o novo processador seja mais eficiente em consumo de energia e mais competitivo frente aos chips da Nvidia, que hoje lidera esse mercado.
O novo chip, batizado de Cloud TPU v5p Ironwood, é a mais recente geração das Tensor Processing Units, criada pela empresa para treinar e executar modelos de inteligência artificial em larga escala.
O Ironwood foca em tarefas de inferência — na aplicação prática de modelos já treinados, como em assistentes virtuais, sistemas de recomendação ou busca por imagens.
Além do hardware, a empresa apresentou o Agent2Agent (A2A), um protocolo de código aberto que permite a comunicação entre diferentes agentes de IA.
A proposta rompe com o modelo tradicional de um único sistema generalista, adotando uma abordagem modular: agentes especializados — em análise de dados, escrita de textos, planejamento, entre outros — interagem entre si para cumprir tarefas mais amplas.
A ideia é que esses agentes possam ser desenvolvidos por equipes distintas, de dentro ou fora do Google, e ainda assim operar em conjunto.
Ao adotar um discurso técnico e voltado à aplicação prática, o Google tenta se diferenciar em um mercado saturado por promessas futuristas. As inovações buscam atrair principalmente o setor corporativo, interessado em incorporar IA em escala, com interoperabilidade e menor custo operacional.
Mais do que apresentar novos produtos, o movimento do Google indica uma ambição estratégica: consolidar um modelo de interação entre humanos e sistemas inteligentes que prioriza colaboração, especialização e escalabilidade.
Em meio à euforia e às promessas grandiosas que cercam a inteligência artificial, a empresa aposta em soluções técnicas e integráveis, mirando resultados concretos no curto prazo — e, ao fazê-lo, tenta, também, influenciar os rumos que o setor deve tomar nos próximos anos.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia, especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento e mestrando em Inovação, Comunicação e Economia Criativa