Se o Governo de Brasília tem dificuldades para lidar com pessoas infectadas pelo aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus, a situação não é diferente com problemas corriqueiros de um pronto-socorro. No domingo (31), Lueny Krizânia Farias de Brito, 20 anos, moradora de Águas Lindas (GO), sentiu na pele a falta que faz um serviço público de qualidade. Grávida de cinco meses, ela perdeu o bebê ao não receber o atendimento correto no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). A família vai à Justiça contra o Estado.
Após reclamar de fortes dores e ser medicada, a paciente recebeu alta e foi liberada pela médica que a atendeu. Voltou para casa. Mas, uma hora depois, sua mãe, Edna Maria Farias de Brito, 36 anos, entrou desesperada no mesmo hospital com o neto nos braços. O feto estava embrulhado em um lenço branco e suas roupas sujas de sangue. A criança estava morta. A moça havia acabado de sofrer um parto prematuro, que passou despercebido. Culpa dos médicos ou da falta de condições de trabalho na rede pública da capital da República?
Informações preliminares da necrópsia do Instituto Médico Legal (IML) deram conta de que o bebê estava morto havia pelo menos 24 horas antes de a gestante ser atendida no hospital. Lueny foi encaminhada ao Centro Obstétrico do HRC, onde permaneceu até às 11h58 de segunda-feira (1º), quando foi feita a curetagem – procedimento de limpeza do útero. A moça garantiu que, no momento em que foi atendida, sequer foram feitos exames, como a ultrassonografia, que permitiria detectar lesões no corpo e diagnotiscar o bebê.
A moradora de Águas Lindas ainda não havia feito o pré-natal – exames médicos realizados durante a gravidez – que estava marcado para o dia 5 de fevereiro na Policlínica da cidade do Entorno de Brasília.
Secretaria
A direção do Hospital Regional de Ceilândia informou que está tomando todas as providências para esclarecer o ocorrido. Foi aberta uma “investigação rigorosa” para apurar o caso. “De acordo com a direção do HRC, a paciente não apresentava sangramento, nem sintomas de trabalho de parto ou abortamento. Diante do quadro apresentado, ela recebeu o atendimento necessário naquele momento”, disse a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde do DF.