No primeiro dia útil deste ano, dia 2, uma atendente de um cartório de Ceilândia informava: já foram emitidas dez certidões de óbito de pessoas que morreram em casa. “Isso não é comum. É que agora não estão aceitando pacientes nos hospitais”, opinou. Um dia antes, 1º de janeiro, um homem enfurecido tentou invadir o Hospital Regional do Gama com o carro: não havia cadeiras de rodas para conduzir a paciente que ele acompanhava. O ano mudou, os problemas permanecem e se aprofundam, e, como bem faz questão de lembrar a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, “ainda tem um ano de governo”. Ainda. Seguimos em contagem regressiva, ansiosos pelo fim.
Rollemberg fala aos quatro ventos que fará, em um ano, tudo o que não fez até agora. Mas, sabemos que não fará e até tememos o que possa fazer. Mal começou o ano, abrimos o jornal e vemos que o governo dele cortou o transporte para idosos que precisam fazer hemodiálise. A justificativa é que “os critérios para manutenção do serviço estão sendo reavaliados” e que eles já têm direito a passe livre no transporte público. Idosos e portadores de doença renal crônica têm, por definição de condição, dificuldade de locomoção. E o transporte público do DF, quem usa sabe, mal respeita horários. Que dirá oferecer conforto.
Rollemberg usou mais de R$ 2 milhões na festa de virada de ano e deixou de liberar, em dezembro, os recursos do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF) e a volta às aulas nas escolas públicas vai ser prejudicada. Os diretores de escolas não têm dinheiro para mandar dar uma demão de tinta nas paredes para trocar telhas e janelas quebradas das salas de aula.
Voltemos à saúde pública.
No Hospital de Base, o maior da rede pública do DF – que está sendo privatizado com o apelido de “Instituto” –, os telefones não funcionam desde o dia 28 de dezembro. Mas, afinal, diria a equipe de Rollemberg, hoje em dia todo mundo tem celular.
No Hospital do Paranoá, que continua com falta de anestesistas, os pacientes também continuam esperando mais de dois meses por uma cirurgia ortopédica. Ficam ali cozinhando as sequelas que vão criar limitação de vida, custo para a previdência social e sofrimento para as famílias.
São as primeiras notícias de 2018: os resultados de uma gestão feita por burocratas distantes, que não se importam com a realidade do povo continua sendo colocada acima das necessidades reais das pessoas. Até o fim do ano teremos mais notícias desse tipo. Afinal de contas, como nos lembrou a secretária de Planejamento, “ainda tem um ano de governo”. Ainda. E sabe-se lá o que ainda virá pela frente.