Numa semana em que o debate internacional foi monopolizado pela polêmica eleição na Venezuela, completou, dia 7 de agosto, dez meses do atentado do Hamas no sul de Israel que deflagrou a enorme operação de “vingança” por parte do governo de Netanyahu contra o povo palestino.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza (cujos dados são confirmados pelo Departamento de Estado dos EUA), o número de palestinos mortos alcançou 40.154 em 3 de agosto (39.550 em Gaza e 604 na Cisjordânia), além de cerca de 10 mil desaparecidos em Gaza, provavelmente sob os escombros, elevando o total de mortos no território para 49,5 mil. Destes, 32.921 (66,4%) são crianças, mulheres e idosos.
Do total de mortos, há 964 da área médica e defesa civil, 496 da educação, 163 da imprensa e 152 de equipes da ONU. Mas o número aumenta para 53,3 mil se somarmos os 1.400 mortos por Israel nos países limítrofes (Líbano, Síria, Iraque, Yemen e Irã); os 1.390 mortos em 7 de outubro (1.140 israelenses e 250 militantes do Hamas) e cerca de 350 militares israelenses mortos na invasão de Gaza.
O massacre israelense gerou, ainda, 96.630 feridos e mutilados, sendo 91.280 em Gaza e 5.350 na Cisjordânia. E o número de palestinos presos pelo regime de Netanyahu chegou a 14.900 (5 mil em Gaza e 9,9 mil na Cisjordânia).
A destruição no território de Gaza se insere entre as maiores registradas na História. Nada menos que 25 mil edifícios foram destruídos pelo exército israelense. Das cerca de 500 mil unidades habitacionais existentes, 384 mil (77%) foram destruídas (87 mil) ou danificadas (297 mil). Foram destruídos ou danificados 59 hospitais, 449 escolas ou universidades, 198 sedes do governo, 610 mesquitas e 3 igrejas.
Cerca de 2 milhões de moradores de Gaza (87% da sua população de 2,3 milhões), foi forçosamente deslocada pelo exército israelense e a quase totalidade se amontoa em casas de parentes ou em precários acampamentos, alguns covardemente bombardeados por Israel.
Se a agressão parasse agora, a reconstrução de Gaza, segundo a ONU, levaria 20 anos e custaria mais de US$ 50 bilhões, 10 vezes o PIB local. É como se o Brasil precisasse investir 20 trilhões de dólares em uma hipotética reconstrução.
Netanyahu e a maioria dos partidos israelenses não querem o fim da guerra, mantendo há dez meses o massacre de dezenas de milhares de civis palestinos sob o falso pretexto de destruir o Hamas e buscar libertar os reféns sob controle do grupo.
Mas sua estratégia se revelou um fracasso, pois nem o Hamas foi destruído e tampouco os reféns libertados: dos 260, 105 foram liberados pelo Hamas na negociação em novembro e cerca de 50 estão mortos (alguns pelo próprio exército israelense). Dos restantes 105, o exército israelense libertou apenas 10.
O cessar-fogo é exigido em manifestações mundo afora e é o desejo majoritário entre o povo israelense, que percebeu que a continuidade da guerra é exclusivamente de interesse de Netanyahu e de seus aliados. E foi também aprovado pela Resolução 2.735 do Conselho de Segurança da ONU, descaradamente desobedecida por Israel, assim como são desobedecidas as resoluções 242 (de 1967) e 338 (de 1973), que determinam o fim da ocupação por Israel da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Golã.
Netanyahu não quer parar a guerra, e para estender o conflito provoca os países vizinhos, com frequentes bombardeios ao Líbano e à Síria e assassinatos seletivos, como o que matou, em 1º de abril, 7 chefes militares iranianos na embaixada do Irã em Damasco; o que matou, recentemente, o líder do Hezbollah em Beirute; e o que assassinou Ismail Haniyeh, líder político do Hamas em Teerã, que participava das negociações de paz envolvendo o Hamas, EUA, Egito e Catar – uma operação que dificulta a paz e, por tabela, beneficia o aliado Trump.
E Netanyahu não vai parar por aí: ou ele é derrubado ou novas provocações virão, pois ele e os membros de sua coalisão sabem que, se a guerra parar, seus dias de primeiro-ministro terão fim e terá que responder pelos crimes de corrupção e ataques à democracia em Israel e por crimes de guerra.
Olimpíadas: Se Rússia e Bielorrússia foram impedidas de competir nas Olimpíadas de Paris pela invasão da Ucrânia, por que o COI também não impediu Israel pelo massacre que promove em Gaza? Incrível! Até o Comitê Olímpico Internacional se submete ao imperialismo norte-americano.