Dos oito candidatos a presidente da República que participaram do primeiro debate eleitoral deste ano, quinta-feira (9), pela rede Bandeirantes de rádio, internet e TV, três foram auxiliares do primeiro escalão dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Henrique Meirelles (MDB), foi presidente do Banco Central durante oito anos; Marina Silva (Rede) comandou o Ministério do Meio Ambiente de 2003 a 2008; e Ciro Gomes (PDT) ficou à frente do Ministério da Integração Nacional de 2003 a 2006.
O petista está preso em Curitiba, lidera as pesquisas de intenção de votos e terá sua candidatura registrada quarta-feira (15) em meio a uma grande manifestação programada por correligionários para ocorrer em frente ao Tribunal Superior Eleitoral. São esperadas cerca de 30 mil pessoas.
Em comum, durante o debate, Meirelles, Marina e Ciro falaram de realizações de suas respectivas pastas. Mas se esqueceram de dizer que ocupavam cargos de confiança e que executaram políticas definidas por um chefe: Lula.
Meirelles se gaba de ter reduzido os juros bancários e aumentado a oferta de empregos; Marina fala da diminuição do desmatamento na Amazônia; Ciro elenca inúmeras obras por todo o País, com destaque para a transposição do Rio São Francisco – ainda inconclusa.
Talvez por isso, mesmo encarcerado, o petista ainda seja o preferido da maioria dos brasileiros, segundo os institutos de pesquisa. Se tanta gente fez tanta coisa boa e ele comandava a todos, por que eleger intermediários? Melhor devolver o posto a quem os chefiava…
Mesmo não tendo participado das gestões de Lula, Guilherme Boulos (PSol) foi o único a se manifestar em defesa do petista, tratando sua prisão como injusta. Credencia-se a herdar alguns votos lulistas, caso a Justiça o impeça definitivamente de concorrer. Mas a tendência é de que esse espólio fique mesmo para a chapa Fernando Haddad (PT)-Manuella D’Ávila (PCdoB), que provavelmente substituirá Lula.
Álvaro Dias (Podemos) e Geraldo Alckmin (PSDB) se engalfinharam. O senador do Paraná alerta os brasileiros a abrirem o olho para observar o tucano. Segundo ele, o ex-governador de São Paulo fala em combate à corrupção, mas preside um partido enroscado em inúmeros escândalos. E está à frente de uma coligação de nove legendas que abrigam centenas de investigados pela Lava Jato.
Cabo Daciolo (Patriotas) é mais uma prova viva da Lei Murphy: nada é tão ruim que não possa piorar. A expectativa de ouvir Jair Bolsonaro (PSL) repetir seu discurso homofóbico, de preconceito contra as minorias e de ataque contra tudo e contra todos até se confirmou em alguns momentos.
Mas Bolsonaro foi menos Bolsonaro do que Daciolo. Diante das intervenções do Cabo dos bombeiros, o Capitão do Exército parecia até moderado.
Quem entende do riscado – táticas eleitorais – percebe na hora tratar-se de uma estratégia. Os dois são farinha do mesmo saco. E estarão juntos no segundo turno. Daciolo é apenas um batedor de Bolsonaro.