Nos anos 1970, opondo-se à geração anterior, muitos pais, confundindo autoridade com autoritarismo, deixaram de estabelecer limites aos filhos. Dali, surgiram no mundo sucessivas gerações de filhos mimados e desrespeitosos. Assustados, psicólogos e educadores, defensores da liberdade sem medo, foram à imprensa clamar aos pais para estabelecerem limites na educação dos filhos. Erraram e continuam errando, saindo de um extremo e indo para p outro.
Se a criação já estava ruim, piorou. À nociva liberdade sem medo e sem limites dos anos 70, acrescentou-se superproteção. Pais fazendo tarefas dos filhos; pais indo às escolas brigar com professores; nas ruas, brigando com policiais; em casa, apoio às separações dos casamentos por quaisquer bobagens e, a pior consequência disso: suicídios de jovens frágeis, que não aprenderam a conviver com derrotas, decepções, fracassos e frustrações.
Não obstante, sem o enfrentamento e a superação destes aspectos desagradáveis da vida, ninguém se fortalece e nem desenvolve sabedoria. É preciso encorajar os filhos à realidade: Vida é vitória e derrota, prazer e dor, alegria e tristeza. E tudo são ensinamentos.
Questionado sobre educação de filhos, Chico Xavier, que foi temporariamente adotado, maltratado, e diariamente castigado por uma madrinha maluca, afirmou: \”Se eu tivesse que voltar à Terra, não aceitaria passar pelo que passei, mas, jamais aceitaria nascer num lar que não estabelece limites e disciplina pra mim\”.
É preciso combinar e dosar liberdade com disciplina, carinho com energia, diálogo e autoridade, mas sempre com o educando no centro, como ensinou Carl Rogers: \”Abordagem centrada no educando\”.
O escritor Wallace Leal, no excelente livro \”E Para o Resto da Vida\”, expõe a forma da educação que recebeu, sempre com estorinhas, que o levavam à reflexão e crescimento. Kalil Gibran, autor do famoso livro \”O Profeta\”, lembra aos pais: \”Vossos filhos não são vossos filhos. (…) Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos\”.
Sigam com André Luís: \”Quem faz o que pode, recebe o salário da paz\”. E não esqueçam do título: \”Proteção demais desprotege\”!