Em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila, da Globonews, nesta terça-feira (16), o ex-senador Cristovam Buarque (Cidadania-DF) afirmou que enxerga as eleições de 2022 como um plebiscito pela democracia – onde todos os democratas devem estar contra Jair Bolsonaro (sem partido). Neste cenário, o ex-ministro de Lula reconhece que o petista é o único nome realmente forte na disputa contra Bolsonaro. “Felizmente temos Lula”, avalia.
“Reconheço que, agora, o único partido realmente forte [na disputa contra Bolsonaro] é o PT. E o único nome realmente forte é Lula. Além de que, o governo Lula foi um bom governo”, afirmou.
Para Cristovam a democracia brasileira corre sérios riscos com o “nem, nem”. “Temo muito que o primeiro turno seja um vulcão de autodestruição dos democratas”, alertou. Na avaliação do ex-senador, o debate deve preceder o período eleitoral para que Bolsonaro não se beneficie do excesso de candidaturas. “Temo um golpe de Bolsonaro no segundo turno, a depender do cenário militar e eleitoral”.
Candidatura
Cristovam sabe de sua força política no Distrito Federal e prometeu apoiar candidaturas, “a depender do cenário local”. No entanto, afirmou: “Em princípio, não serei candidato em 2022”. Segundo o ex-governador do Distrito Federal, a campanha será mais um “peso” do que uma “liberação” em sua vida. “Espero colaborar com o Brasil como escritor”, completou.
Cristovam foi derrotado nas eleições de 2018, mas acredita que o cenário no ano que vem será diferente. “Em 2018, um eleitor chegou para mim e disse: você é o melhorzinho que tem. Mas não quero mais o melhor, quero o outro”. Para ele, esse foi um dos sentimentos responsáveis pelo surgimento bolsonarismo.
Impeachment
Em 2016, mesmo tendo sua trajetória toda ligada ao PT, Cristovam votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Motivo pelo qual é chamado de golpista pela militância até hoje. Para ele, no entanto, a narrativa de “golpe” é publicitária.
Cristovam reconhece que o voto no impeachment foi um “erro lógico, mas uma necessidade moral”. E complementou: “Prefiro ser decente do que inteligente. Passei três anos falando sobre o desemprego e a inflação do governo Dilma”.
“Se eu caísse na tentação para ficar com meus amigos, estaria traindo minha coerência. Paguei um preço alto e pago até hoje. Na porta da casa da minha filha, estenderam uma faixa com a frase ‘vovô é golpista’. Foi uma espécie de gabinete do ódio inventado antes do Bolsonaro”, sustentou.