Banco de contratos temporários de Matemática, Artes e Inglês está esgotado
Sinpro-DF
O esperado era que o ano letivo no Distrito Federal começasse com reforços (mais recursos financeiros, materiais e humanos) para tentar compensar os prejuízos causados pela pandemia da covid-19. Seria fundamental que o GDF tivesse se proposto a traçar estratégias para aparar as arestas dos últimos dois anos.
Mas a realidade nas escolas públicas do DF é que faltam até professores(as). Uma série de denúncias feitas ao Sinpro, vindas de todas as regionais de ensino, relatam falta de professores e o banco de contratos temporários de Matemática, Artes e Inglês está esgotado. Isto levou ao fechamento de turmas e na inviabilização da redução de 20% na carga horária para o descanso de voz a professores(as) que atuaram 20 anos exclusivamente em regência.
No Centro de Ensino Fundamental 214 Sul, que atende 200 estudantes do 6º ao 9º ano (de 10 a 15 anos), há carência de 11 professores(as) de Matemática, Português e Inglês. O diretor, Luís Antônio Nelson, conta que foram feitos todos os procedimentos nos sistemas da Secretaria de Educação para sanear as carências. “As carências foram aprovadas, mas os professores não chegam. As salas especiais (para crianças com necessidades especiais) estão todas sem professor”, afirma.
Segundo ele, pais, mães e responsáveis creditam o problema à equipe gestora. “Já respondemos à Ouvidoria, dizendo que a escola não tem essa função de contratar servidor. Fui pessoalmente, duas vezes, na Regional tentar resolver o problema. Mas eles também não souberam dizer quando vai chegar e por que ainda não chegaram (professores)”.
Há 24 anos no CEF 214 Sul
A professora de Matemática e Ciências Elisângela Aleixo, que está há 24 anos no CEF 214 Sul, disse que a situação é inédita.
“Já houve carência de professores anteriormente, mas não nessa quantidade. E o problema era resolvido com rapidez”. E o estresse só aumenta: “É muito desgastante. A gente fica tentando cobrir tudo. Aí chega pai querendo fazer matrícula, e a escola está sem secretária. Uma loucura. A gente se sente cansado e preocupado com os alunos, porque a gente quer dar o melhor trabalho”, desabafa a professora.
Como remendo ao problema da falta de professores(as), são convocados profissionais habilitados em alguma disciplina para suprir carência em outra. Regulamentada pela portaria 77, de 2022, a estratégia causa transtornos para professores(as), que se veem obrigados a aplicar um conteúdo sem formação para tal, e para estudantes, com a ameaça à qualidade do ensino. Caso os(as) professores(as) recusem a chamada, vão para o final da fila de convocação.
“Esse caos na rede pública do DF tem uma explicação: a não realização de concurso público para o Magistério. Portanto, a resposta para essa profunda crise não pode ser outra que não a realização de concurso e nomeações urgentes. Afirmamos insistentemente essa necessidade em todas as reuniões de negociação com as Secretarias de Educação e de Economia do GDF”, afirma a diretora do Sinpro-DF, Rosilene Corrêa.