Tersandro Vilela
A recente febre por imagens no estilo do Studio Ghibli, criadas com ferramentas de inteligência artificial, impulsionou o uso do ChatGPT a níveis recordes em 2025. O fenômeno, que viralizou nas redes sociais sob a alcunha de “efeito Ghibli”, teve início com o lançamento de um recurso que permite estilizar fotografias pessoais com traços inspirados nas produções do estúdio japonês.
Segundo dados divulgados pela própria OpenAI, responsável pela ferramenta, o número de usuários ativos ultrapassou a marca de 150 milhões semanais após o lançamento da funcionalidade, em março. A novidade utiliza o modelo GPT-4o, que combina texto e imagem para gerar conteúdos visuais de apelo emocional — remetendo diretamente ao universo de filmes como “A Viagem de Chihiro” e “O Castelo Animado”.
Apesar do sucesso imediato, a prática gerou controvérsias. O uso de inteligência artificial para simular o traço de um estúdio consagrado levantou questionamentos sobre propriedade intelectual e os limites éticos da criatividade automatizada. Vale lembrar que Hayao Miyazaki, um dos fundadores do Ghibli, já se posicionou de forma crítica em relação ao uso de IA na arte, classificando a tecnologia como “um insulto à vida”.
A repercussão também trouxe à tona preocupações com a privacidade dos usuários. Especialistas alertam que o envio de imagens pessoais para plataformas de IA pode representar riscos significativos à segurança de dados, sobretudo quando os termos de uso dessas ferramentas são pouco transparentes.
Em resposta à crescente pressão, a OpenAI afirmou ter implementado restrições para evitar imitações diretas de artistas vivos. No entanto, estilos de estúdios e movimentos artísticos continuam acessíveis às redes neurais da plataforma, o que mantém aberto o debate sobre autoria e originalidade em tempos de “algoritmos criadores”.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia, especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento e mestrando em Inovação, Comunicação e Economia Criativa