O indiano Amartya Sen, economista e filósofo, ficou conhecido por ter sido o primeiro acadêmico de um país não desenvolvido a receber o Prêmio Nobel de Economia. E, nesta semana, por curiosidade, entre uma e outra pesquisa, acabei esbarrando com o livro “Desenvolvimento como Liberdade”, de sua autoria. Ainda no início da obra, uma frase me chamou muito a atenção. Ela dizia “o poder de fazer o bem quase sempre anda junto com a possibilidade de fazer o oposto”. E, justamente por estarmos em ano eleitoral, esse fragmento ecoou dentro de mim.
Os políticos, esses que se apresentam a nós, têm o poder de fazer o bem. A política e a democracia, aliás, existem para isso, acredito. Para que elejamos representantes das nossas causas, das nossas necessidades e dos nossos sonhos. E aí, quando nos deparamos com figuras como Rodrigo Rollemberg, percebemos, na prática, o que Amartya Sen fala sobre “a possibilidade de fazer o oposto” do bem: é uma escolha. Alguns, infelizmente, optam por apenas fingir que têm real interesse pelo desenvolvimento. Mas, estão apegados e escorados na teoria do “quanto pior, melhor”.
Prova disso, para mim, foi a notícia, de um site local, que dizia “Rollemberg sobre promessas de adversários: ‘DF quebrará em 4 meses’”. Oras, não quebrará. Até onde nós, médicos, e as outras 31 categorias do funcionalismo público da capital federal sabemos, o DF está quebrado. Foi o que o próprio governador disse ao assumir o GDF, há mais de três anos. E, segundo ele, somente por isso não é possível pagar aos servidores a terceira parcela do reajuste salarial, pelo qual esperamos desde 2015. Como, agora, ele pode querer criticar seus adversários dizendo que “o DF quebrará”? É vergonhoso.
A maior das demagogias, caso o governador do DF ainda não saiba, é chamar de demagogia aquilo que nós mesmos praticamos. Em 2014, fomos enganados. E, agora, essa mesma pessoa que nos iludiu dizendo, por exemplo, que iria promover eleições diretas para Administrações Regionais, o que nunca foi feito, quer agir, com seus adversários, como se sua conduta tivesse sido, ao longo dos últimos anos, inquestionável. Está errado. Há muitos questionamentos: projetos importantes que nunca saíram do papel e outros, sem relevância, que foram adiante.
Houve uma clara escolha nos últimos anos. A de não promover o bem. O DF está quebrado. As pessoas estão desanimadas, cansadas e implorando por soluções. São 11 candidatos ao governo local, um deles tentando a reeleição, e alguns com muitas promessas que, no fim das contas, não passam de Fake News. Então, agora, apesar das muitas opções e do pouco conteúdo que nos é apresentado, é a nossa chance de eleger o “poder de fazer o bem”: com verdade e compromisso com as áreas fundamentais para o desenvolvimento do DF.