José Maurício dos Santos (*)
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A insistência em ouvir e atender as sugestões de uma minoria em detrimento dos anseios daqueles que são os pilares de sustentação de um governo – aliados, mídia e sociedade – pode levar Rodrigo Rollemberg a sofrer as consequências de atitudes que desgastam mais do que agregam na relação com seus pares.
A falta de experiência num cargo executivo pesa. Sem nenhum parlamentar do PSB no legislativo, o governador deveria trabalhar para ampliar o diálogo com aqueles que podem garantir a governabilidade. Mas não é o que se vê.
Com a saída do secretário da caótica pasta da Saúde, Rollemberg optou por fazer mais uma indicação sem o aval da base aliada: a troca do proctologista João Batista pelo consultor político do Senado Fábio Gondim, causou indignação de aliados. Gondim trabalhou à frente da Previdência do conturbado governo de Roseana Sarney (PMDB), no Maranhão, e foi indicado pelo pai dela, o ex-senador José Sarney (PMDB). De quebra, foi candidato a deputado federal pelo PT no estado.
Escolhas infelizes e impensadas continuam minando a governabilidade de Rollemberg. No primeiro semestre ele perdeu o apoio do então líder Raimundo Ribeiro (PSDB); da presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT); viu Paulo Vogel retornar para o Ministério da Fazenda e deixar a Secretaria de Gestão Administrativa e Desburocratização e dar lugar ao secretário-adjunto. Tudo isso transcorreu sem que o governador ouvisse sua base.
Rollemberg tirou Hélio Doyle dos holofotes, mas não das decisões do governo, ao manter toda sua equipe na Comunicação. Perdeu o seu maior elo com a mídia local, Ronaldo Callado, que deixou o governo após o vazamento dos áudios durante conversa com distritais logo depois da queda de Doyle. E ainda indicou o consultor da Câmara dos Deputados, Sérgio Sampaio, para a Casa Civil, mais uma vez ignorando a base aliada.
Rollemberg parece ignorar o fato de ter vários projetos de lei polêmicos em sua mesa para serem vetados ou sancionados. Bem como projetos importantes para serem aprovados num ambiente hostil na Câmara Legislativa, que já derrubou mais da metade dos seus vetos.
Tudo isso em meio a uma crise econômica que assola a Capital e torna cada vez mais iminente o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e o pagamento dos servidores, diante de uma alta rejeição nas ruas.
(*) Consultor Político ABCOP e diretor da Tracker Consultoria e Assessoria