Orlando Pontes
Dezenove anos depois de se candidatar pela primeira vez a deputado distrital, em 2002, (desde então foram cinco eleições), o segundo sargento da reserva da Polícia Militar Jânio Farias Marques, 55 anos, assume nesta sexta-feita (18), pela primeira vez, uma cadeira na Câmara Legislativa. Segundo suplente do PROS, ele será beneficiado com a ida de Fernando Fernandes para a Administração de Ceilândia e a permanência da substituta imediata, Telma Rufino, na Regional de Arniqueiras.
O arranjo foi montado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), a quem Guarda Jânio, como é conhecido, jura fidelidade e demonstra eterna gratidão. “Pode ter certeza de que é uma relação de dar honra a quem te honra”, diz ele, sobre como pretende agir durante sua permanência na Casa. Nesta entrevista ao Brasília Capital, concedida via Facebook a partir do Espaço Herbalife, de seus amigos Alex e Cíntia, no centro de Ceilândia, onde mora há 40 anos, ele garante que fará do limão uma limonada. Vai compor a bancada da Segurança Pública para defender os interesses da PM, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil, além de projetos para sua cidade.
Qual a expectativa e a sensação de sentar pela primeira vez na cadeira de deputado distrital – É uma expectativa muito grande. Foram 20 anos de política em Brasília, com mais 10 anos no Entorno. São 30 anos nessa luta. É uma expectativa da minha Corporação, a Polícia Militar, dos Bombeiros, além da população de Ceiândia, onde moro desde 1971. Foram cinco campanhas desde 2002, somando, ao todo, mais de 48 mil votos de todo o Distrito Federal. É uma alegria muito grande pegar essa história e fazer do limão uma limonada.
E essa limonada será temperada com o quê? – Com muita coragem e determinação. Muitas das vezes, fala-se que suplente não tem força política. Mas eu, como suplente, sempre tive a coragem de levar as demandas, encaminhá-las aos parlamentares e ao Executivo. Podem ter certeza de que as atitudes que eu tomar serão para o bem e para melhorar a qualidade de vida dos moradores de Brasília, principalmente de Ceilândia e para atender as reivindicações das corporações militares e bombeiros inativos. Eu não vou me acovardar de levar as demandas. O não a gente já tem. Eu vou correr atrás para mostrar que o sim é possível.
O senhor apareceu para população do DF como guarda de trânsito e usou na campanha o slogan “não faça do trânsito uma arma”. Esta será a sua principal bandeira? Quais são seus outros compromissos como deputado distrital? – Vejo três bandeiras de grande importância. Primeiro, vamos levar as demandas e brigar pela Polícia Militar. A outra bandeira é o social. Quero estar ouvindo e na articulação junto a outros deputados distritais, federais e senadores. A terceira é a campanha de não fazer do trânsito uma arma. Nela, já tive mais de 300 mil acessos, pelo trabalho que venho realizando ao longo desses anos todos.
O senhor concorre a uma vaga na Câmara Legislativa desde 2002, mas sempre ficou como suplente. Agora, o governador Ibaneis lhe dá a oportunidade de assumir o mandato. Como será sua relação com o governo? – Pode ter certeza de que é uma relação de “dar honra a quem te honra”. Todos os governos passados, e os deputados que eu ajudei a eleger, nunca me deram uma oportunidade. Me viram como uma ameaça. Nunca me deram uma chance para nada, nem sequer de ocupar uma cadeira na CLDF por pelo menos um mês. Eu tenho que tirar o chapéu para o governador Ibaneis, porque ele puxar o primeiro suplente, para eu assumir, significa, para mim, uma vitória muito grande. Eu não posso cuspir no prato que comi. Eu sou da base do governo. Irei ajudá-lo. Mas, ao mesmo tempo, irei questioná-lo, se for necessário, para esclarecimento da população e da PM. Ele foi o único, de todos os governadores que já passaram, que lembrou deste guarda.
O senhor guarda mágoas? – Sempre fui afastado, jogado na sarjeta. Mas entendi uma coisa: às vezes, a gente não consegue as coisas na vida da gente porque o nosso Deus nos prepara, nos capacita. Então, eu sinto que Deus, muitas vezes, me deu foi um livramento.
Qual a sua principal proposta para a PM? – Aposentei como segundo sargento, por merecimento. Quero levar isso ao governador; quero me juntar aos deputados Roosevelt e Hermeto em defesa da nossa corporações. Está em julgamento, agora, a diminuição do intersticio, e eu quero mostrar e ao governador que a diminuição não é aumento salarial, é merecimento. É inadmissível ver um soldado passar 18 anos na mesma patente. Reduzir o interstício é uma forma de não só satisfazer o seu ego, de conquista, de luta e de merecimento, mas também a comunidade. Quando se chega em casa, é uma grande alegria na família toda. Uma sensação de vitória e crescimento. É isso que temos que levar para o governador. E não tenho dúvida de que ele vai entender. Muita gente confunde isso, mas vamos trabalhar para que essa promoção seja entendida como um merecimento, não um aumento salarial. Vou bater na porta dos deputados. Agora, irei fazer parte da Bancada da Segurança, que luta pelas polícias militar e civil e pelos bombeiros da reserva.
E quanto às demais bandeiras dessa bancada? – A nossa maior luta será trabalhar junto ao governador para vacinar toda a população do DF. E ajudar também o setor de chácaras. Estamos vendo ai esse bandido solto. Tem que armar, sim. Tem que andar armado, preparado para defender os familiares, a terra e os cidadãos de bem.