Administrador de Taguatinga fala das obras na cidade, promete religar a Comercial Norte-Sul em abril e aposta na inauguração do túnel e na reeleição do governador em outubro
Orlando Pontes
O túnel de Taguatinga será entregue no prazo previsto? Quando a população deixará de sofrer com os transtornos dessa obra? – A obra está dentro do cronograma de dois anos estipulado pelas empresas. Quase todas as lajes estão prontas. Se der tudo certo, o túnel estará pronto em julho. Mas, antes disso, o cruzamento da Comercial Norte com a Sul será liberado em abril. É bom lembrar, no entanto, que não estamos fazendo apenas o túnel. O GDF aproveitou para a criar Boulevard no centro da cidade. Assim, a obra toda será entregue no final de outubro.
Então a população só deve esperar esse alívio para o final de outubro? – Não. Em abril. No momento que religar a Comercial Norte e Sul e os ônibus e os carros começarem a passar de um lado para o outro.
Mas a circulação de pedestres continuará prejudicada pelos tapumes… – Permanecerá o tapume por causa das obras e do perigo de acidente. Tem que deixar até terminar as obras.
Com o desvio do trânsito, as vias paralelas à Avenida Central estão muito esburacadas. Como a Administração pretende resolver esse problema? – Juntamente com a Boulevard, todas as vias internas vão ser restauradas e receberão asfalto novo. As vias laterais ao túnel também ganharão um novo asfalto. Por enquanto, teremos que fazer esse paliativo com tapa-buracos porque há movimentação de carros pesados naqueles locais, que não foram preparados para veículos pesados, além da movimentação das máquinas que fazem a obra do túnel.
Além do transtorno causado pelas obras do túnel, o comércio regular também sofre com o aumento da presença de ambulantes em toda a cidade. Como é feito o controle da atuação dos camelôs? – A fiscalização, como um todo, é feita pelo DF Legal. Mas, sempre que solicitado, nós trabalhamos em conjunto. Eles têm aparecido para combater essa questão dos camelôs, até porque eles não deveriam, em tese, ficar pelo centro da cidade. E tem um detalhe: não apenas os camelôs; pessoas que se dizem sem teto, ou que ficaram sem moradia por causa da pandemia, enchem o centro de Taguatinga. Mas há uma determinação do Ministério Público de que sequer as forças policiais possam agir em relação a essas pessoas, embora a PM e a Polícia Civil o tempo todo combatam o tráfico e a marginalidade no centro da nossa cidade. Em relação aos camelôs, encontrar um local para onde levá-los é uma das grandes dificuldades atuais.
Mas já foram criadas duas feiras permanentes em Taguatinga para abrigar camelôs… – Não resolveu, mesmo com a Feira dos Importados e a do Pistão Sul. Eu criei uma comissão de ordenamento territorial para tentar achar lugares para onde possamos levar essas pessoas. Porque, uma vez feita a Boulevard, não haverá mais espaço para eles no centro de Taguatinga. Tudo aquilo ali será transformado em calçadas e pistas para carros.
Então todo o centro será revitalizado? – Com certeza. A Praça do Relógio, a partir de outubro, não existirá mais no molde como é hoje. Será totalmente remodelada e requalificada. Será um centro totalmente novo a partir de 1º de novembro.
O relógio também ser trocado? – De forma alguma. O relógio é nossa principal marca, nosso monumento histórico. O que vai ser feito é a revitalização da praça: novos bancos, chafariz voltar a funcionar… Agora, essa máquina que está aí é muito antiga, não tem peças de reposição, não há mais quem possa cuidar dela. Vamos colocar outro equipamento, mais novo, que tenha manutenção, e que continue servindo à nossa cidade.
Outro fenômeno que se observa em Taguatinga é a ocupação de áreas residenciais por atividades econômicas. Um exemplo é o centro de treinamento Cabana, na QNA 37, que acabou interditado por determinação judicial. Como conciliar as duas coisas? – Vamos partir do final para o começo. Decisão judicial não se discute. Cumpre-se. O que precisa, e nós temos trabalhado para isso junto à Secretaria de Habitação, é adequar a nova realidade de ordenamento territorial. Taguatinga mudou. A cidade cresceu. Hoje, o que era um ponto residencial virou área mista, ou, muitas vezes, área comercial. A gente tem trabalhado essa mudança na LUOS (Lei de Uso e Ocupação do Solo), que está na Câmara Legislativa, para que esses pontos estejam dentro da legislação e a cidade volte a crescer como antes.
A sensação é de que Taguatinga travou. Parou no tempo… – Travou. Mas aí está a diferença: com o túnel e a Boulevard, pode ter certeza de que o mercado imobiliário e o comércio voltarão a pulsar.
Mas esta também era a promessa quando adotaram a mão única na Comercial e na Samdu… – Sim. Em relação à mão única, eu, particularmente, fui contra. Mas o governo era outro. O pensamento era outro. Prometeram uma coisa que não foi entregue.
E qual a garantia de que será entregue agora? – É aí que o governo Ibaneis apresentou uma alternativa com o projeto Drenar Taguatinga. São três licitações para resolver o problema das águas pluviais, que hoje tumultuam o trânsito, criam buracos e crateras nas pistas. São três lotes de obras de drenagem de águas pluviais. Com isso, resolve-se o problema da Comercial e da Samdu. A licitação já está em andamento. Não se pode mexer na estrutura da Comercial e da Samdu sem fazer a drenagem correta das águas pluviais. Viraria um caos novamente.
Então houve erro de planejamento? – Este governo se preocupou com o que o governo anterior deveria ter se preocupado: primeiro, resolve-se o problema das águas pluviais, com um projeto urbanisticamente viável. Agora a gente está tentando remendar aquilo que não foi feito da maneira correta. Como eu disse, fui contra a mudança do trânsito da forma como foi feita. Tanto é que só teve inversão do trânsito. Quais as melhorias que teve no trânsito, no comércio, novos estacionamentos, calçadas? Não teve nada disso.
Mas isso também não foi feito nos últimos três anos… – Este governo está fazendo drenagem em Taguatinga. Está em licitação. A partir daí a gente poderá entregar uma nova Comercial, uma nova Samdu. Taguatinga é um dos centros comerciais mais importantes do Distrito Federal.
Vale dizer que o comércio de rua está praticamente parado… – Nós temos dois centros comerciais que funcionam a pleno vapor – o Taguacenter e o Mercado Norte, que sempre estão cheios –, além da Feira dos Goianos, na avenida Hélio Prates. O que a gente quer fazer é que a Comercial e a Samdu tenham um comércio mais aquecido. Tanto é, que hoje há muito menos lojas fechadas do que no início do governo Ibaneis.
Então vamos falar um pouco de política. Afinal, estamos num ano eleitoral. O senhor é homem de confiança do governador e pré-candidato a distrital. Como vê este cenário? – Eu estou focado em administrar Taguatinga até o dia 31 de dezembro de 2022.
E a desincompatibilização? – (risos) – Ela pode ocorrer no dia 31 de março. Como faço parte de uma equipe política, preciso saber o que as lideranças políticas do meu partido e o governador vão decidir em relação a isso.
O senhor não tem dúvida quanto à reeleição do governador… – Ibaneis está revolucionando o DF. São mais de 1.400 obras em andamento. Dentre elas, a maior é o túnel de Taguatinga. Sem contar a revitalização e requalificação da Hélio Prates; o Pistão Sul, que está ganhando uma roupagem nova, com a licitação que deve terminar em abril ou maio para trocar todo asfalto, construir a terceira faixa de rolamento, calçadas e águas pluviais. Ainda vamos trocar o asfalto do HRT, do Fórum. Estamos trocando bocas de lobo, fazendo quase 200 quilômetros de calçadas.
O senhor diria que Taguatinga é prioridade para Ibaneis? – A prioridade é todo o DF. Então, hoje eu não tenho dúvida de que a população do DF vai apoiar a reeleição para que o governador Ibaneis continue por mais quatro anos.