Há alguns dias, falei aqui sobre a intenção do GDF de terceirizar a distribuição de medicamentos. Destaquei, inclusive, que a ideia é uma verdadeira confissão de inoperância e incompetência. Pois bem. Na última terça-feira (25), fui procurado pela imprensa local para falar sobre uma licitação da Secretaria de Saúde que foi bloqueada pelo Tribunal de Contas (TCDF) por suspeita de irregularidades: mais remédios do que o necessário. Dois dias depois, me deparo, na internet, com a chamada de um jornal afirmando: “GDF deixa pacientes com doença grave sem remédio”. Então, novamente, lembrei das palavras “inoperância e incompetência”.
Antes da última notícia, da falta de remédio para pacientes com doenças graves, falei, na entrevista, exatamente isso. Em uma ponta, estranhamente, há a suposta compra excessiva de medicamentos. Na outra, a falta deles. É uma conta sem lógica. Uma conta, verdadeiramente, desumana. Há mais de um mês que os pacientes com hipertensão arterial pulmonar, doença fatal, esperam pelo remédio Bosentana que, originalmente, custa mais de R$ 4 mil: por isso mesmo, como bem lembra o texto do jornal que denunciou a situação, ele deveria ser fornecido pelo SUS.
E essa, claro, não foi a única notícia ultrajante da saúde pública do DF esta semana. No Instituto Hospital de Base (IHBDF), a menina dos olhos de Rollemberg e Humberto Fonseca, metade dos equipamentos gastroscópios, para realização de endoscopias, estão quebrados. Além disso, denunciaram ainda a carência de materiais básicos na maior unidade de Saúde do DF. Faltam até curativos por lá. Em Santa Maria, um paciente comprou, com seu próprio dinheiro, fio de sutura para passar por cirurgia.
Sinceramente, não sei como, nesta situação em que os pacientes do SUS estão jogados, o atual governador do DF tem a coragem de fazer promessas. É cruel. Ele teve quatro anos para, pelo menos, manter o que ainda funcionava no SUS-DF. Em vez disso, conseguiu piorar. Agora, a propaganda da vez é afirmar que vai transformar grandes hospitais públicos em institutos. É assustadora a incapacidade desta gestão de fazer autoavaliação e autocrítica. Não está tudo bem, não. Estamos cansados. E, tenho certeza, assim como eu, a maioria da população deve estar contando os dias para o dia 07 de outubro.
Que vença o melhor. E que esse melhor queira, de verdade, resgatar o SUS. É urgente e necessário levar a Saúde a sério.