A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para ouvir o presidente Michel Temer em uma investigação que apura suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro na edição de um decreto do setor de portos. Suspeita é de que o presidente recebeu propina pela edição de um decreto que teria beneficiado empresa Rodrimar.
O pedido foi enviado na última sexta-feira (29) ao gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito e a quem cabe autorizar o depoimento. A investigação tem como alvos Temer, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, além de Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, executivos da Rodrimar, empresa concessionária no Porto de Santos.
No ofício enviado ao STF, Dodge também pediu depoimentos de Rocha Loures, Antônio Grecco, Ricardo Mesquita, e de pessoas próximas de Temer, como João Batista Lima Filho, José Yunes e Gustavo do Vale Rocha. A investigação foi pedida em junho pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base na delação de executivos da J&F. As investigações captaram uma conversa telefônica entre Temer e Rocha Loures em que discutem sobre o decreto, publicado em maio deste ano.
No ofício enviado ao STF, Dodge também pediu depoimentos de Rocha Loures, Antônio Grecco, Ricardo Mesquita, e de pessoas próximas de Temer, como João Batista Lima Filho, José Yunes e Gustavo do Vale Rocha. Segundo a PGR, João Batista Lima Filho, conhecido como Coronel Lima, proprietário da empresa Argeplan Arquitetura e Engenharia, teria sido intermediário de propinas pagas ao presidente da República.
A assessoria do presidente Michel Temer publicou nota em resposta. Confira a íntegra:
O presidente da República, Michel Temer, responderá aos questionamentos pertinentes ao inquérito. Vale destacar que houve amplo debate com o setor antes da publicação do decreto de renovação das concessões de portos. Todos os dados são públicos. O assunto não comportava nenhum sigilo ou informação privilegiada, apenas a publicação do decreto que finaliza o longo processo de negociação entre o governo e o setor empresarial, como é comum e legítimo em uma democracia. E só foram atendidos os pleitos das empresas licitadas depois de 1993. Tudo antes disso, que era uma reivindicação de várias empresas, foi rejeitado.\”