Das quatro chapas que concorrem à eleição para reitor da Universidade de Brasília (UnB), nestas terça (25) e quarta-feiras (26), duas não assinaram o Termo de Compromisso encaminhado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) concordando em respeitar o resultado das urnas para formação da lista tríplice a ser encaminhada ao Ministério da Educação (MEC).
A consulta à comunidade acadêmica – funcionários, estudantes e professores – é informal. O resultado que vale é o do Conselho Comunitário (Consuni), que segue a lei vigente e prepara a lista tríplice. Em geral, há um acordo para colocar na lista o nome do mais votado nas urnas e outros dois de sua total confiança como vice-reitor e chefe de gabinete. Assim, engessa-se o MEC, para não haver risco de não se respeitar a decisão do Consuni.
As chapas 81 (Unifica UnB – Seja Plural), encabeçada pelo bolsonarista Virgílio Arraes, do Departamento de História, que tem Suélia Fleury (Faculdade de Engenharias, do Gama) como vice; e 89 (UnB Pode Muito Mais), também considerada de direita, liderada por Jaime Santana, diretor do Instituto de Ciências Biológicas, e por Gilberto Lacerda, da Faculdade de Educação), não assinaram o Termo de Compromisso proposto pelo Consuni e pelo DCE.
Concordaram com o documento que propõe respeito ao resultado das eleições diretas as chapas 86 – Somar, pela qual a atual reitora, Márcia Abrahão, do Instituto de Geociências, tenta se reeleger ao lado do candidato a vice, Enrique Huelva, do Instituto de Letras; e a 83 (Tempo de Florescer UnB, da ex-candidata do PSol ao GDF, Fátima Sousa (Departamento de Saúde Coletiva) e Elmira Simeão, da Faculdade de Ciências da Informação.
A comunidade acadêmica da UnB reúne 53.641 eleitores, dos quais 52.077 estão aptos a votar, sendo que os votos de cada grupo têm pesos diferentes. Devido à pandemia do novo coronavírus, pela primeira vez o pleito será realizado de forma virtual, da mesma forma como foram desenvolvidas as campanhas das quatro chapas, além dos debates promovidos via internet.
Apoiadores da atual reitora, Márcia Abrahão (chapa 86), e da candidata da chapa 83, Fátima Sousa, reforçam que há duas décadas o MEC tem respeitado o resultado da consulta à comunidade acadêmica e nomeado o mais votado para comandar a UnB no quadriênio seguinte. No entanto, a recusa de Virgílio Arraes (chapa 81) e de Jaime
Santana (chapa 89) em assinar o Termo de Compromisso levanta suspeita de que eles tentem burlar o resultado das urnas, pleiteando a indicação para a reitoria, mesmo que saiam derrotados na eleição direta.
A manobra poderia beneficiar, especialmente, Jaime Santana, que teria votos dentro do Consuni. Já Virgílio Arraes, por sua postura de extrema-direita, é visto como candidato a ser o menos votado na consulta à comunidade acadêmica, onde o Presidente da República atrai grande rejeição.