O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) burlou a lei que proíbe o nepotismo e criou uma fórmula engenhosa para empregar a filha Bruna Brasil Fraga e o genro João Ribeiro da Silva Neto, que é formado em Administração de Empresas. Até um disfarce é utilizado para encobrir a ilegalidade. O casal dá expediente no gabinete de Fraga, mas Bruna é lotada oficialmente no Senado. Seu registro de trabalho, com direito a crachá e tudo, é na primeira-secretaria, como assistente parlamentar júnior, com salário de R$ 10 mil.
A filha do deputado foi registrada no gabinete dirigido pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO). Amigo de Fraga, ele exerceu, nos últimos dois anos, o cargo de primeiro-secretário. Em nota, o Senado confirmou a lotação de Bruna, mas ressaltou: “aos servidores do Senado é permitido prestar serviços em qualquer órgão ou unidade da Administração Pública, desde que formalmente requisitados e cedidos”. Bruna, porém, ocupa cargo comissionado.
Codinome – Em várias oportunidades a reportagem procurou Bruna no seu local oficial de trabalho no Senado, sem sucesso. Ela é encontrada diariamente no gabinete do pai, mas quando atende pessoas que não a conhecem, identifica-se como Andressa. Ao telefone também. Mas a personagem de Bruna existe. É Andressa Lilian Nascimento Delporto Arantes, secretária parlamentar com salário de R$ 2,2 mil. Para não atrapalhar o disfarce, a filha de Fraga manda Andressa fazer trabalhos externos.
Bruna chega segunda-feira cedo na Casa e não costuma andar pelos corredores com o marido, com quem se casou em 20 de agosto do ano passado. Três dias depois, ele foi exonerado do cargo de secretário parlamentar do gabinete de Fraga, que lhe rendia cerca de R$ 12 mil mensais.
João, porém, continua como assessor informal do deputado. Ele tem mesa de trabalho, computador e acesso livre às dependências da Câmara. Segundo a assessoria de Fraga, Ribeiro frequenta o local porque “cuida dos negócios e da fazenda do parlamentar”. Após a exoneração de João, Cristiane Brasil assumiu o posto, mas tem regalias. Vai ao gabinete principalmente às terças e quartas e fica até 21h. Cristiane e o casal são amigos próximos. As redes sociais dos três provam a relação.
Fantasma – Cristiane trabalha como bibliotecária em um colégio particular no Lago Norte, de manhã e à tarde. Localizada pela reportagem na escola quando deveria estar na Câmara, ela disse que seu horário no colégio é “flexível”. “Se não precisar, fico lá (na Câmara) o dia todo sim, mas meu contrato é de 6h”, disse. Cristiane sabe que não é legal o que está fazendo. E avisou: “Vou sair e ficar apenas com o deputado. Faço pesquisas, monitoro o nome dele na mídia, etc. e também recebo as demandas do deputado às terças/quartas”.
Sobre o alto salário (cerca de R$ 13 mil), fora dos padrões de quem monitora de redes sociais na Casa, Cristiane respondeu: “O que eu recebo pelo serviço que eu presto é de acordo com a minha capacidade”. Há suspeita de que ela repasse parte da verba ao genro de Fraga, porém a reportagem não confirmou a versão.
Reincidente – Fraga se envolveu em caso parecido em 2009. Na ocasião, foi denunciado pelo jornal Folha de S. Paulo que, quando era secretário de Transportes do DF, usava o suplente para empregar parentes. À época, seu atual genro também esteve envolvido. Fraga é um dos maiores opositores de Rodrigo Rollemberg. Com o bordão “governador, respeita o povo”, o parlamentar – integrante da bancada da bala no Congresso Nacional – pede melhorias principalmente na segurança da cidade.
Outro lado – A assessoria do deputado confirma que Bruna Brasil “está sempre” pelo gabinete do pai. Em nota, Fraga comentou também a situação de Cristiane. “Cristiane Silva contribui com as atividades parlamentares internas e externas, cumprindo jornada de 8 horas diárias”, diz o texto. “A servidora trabalha com o parlamentar desde a sua primeira campanha, em 1998, coordenando a equipe externa e auxiliando no monitoramento das redes sociais do deputado”, complementa.
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