Planaltina está em alerta para um possível surto de dengue. Dados da Secretaria de Saúde (SES-DF) apontam que o número de casos da doença aumentou 124% nos cinco primeiros meses de 2014 em relação ao mesmo período do ano passado. Até agora foram registrados 942 casos confirmados de dengue na região administrativa, ante aos 429 de 2013.
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O percentual de Planaltina vai na contramão da tendência observada no DF, que teve queda de 39,5% nas ocorrências. Por conta do alto índice em Planaltina, a Vigilância Epidemiológica intensificou as ações de campo na região. Em todo o DF, a pasta registrou 4.920 casos confirmados de dengue até maio.
Negligência
A quantidade de registros em Planaltina é maior do que foi contabilizado em Ceilândia, Gama e Santa Maria juntos, que somaram 891. Apesar do risco de surto, a Vigilância Ambiental afirma que o cenário crítico também se deve à negligência da população.
O gerente da Vigilância Ambiental de Vetores e Animais Peçonhentos, Júlio César Trindade, disse que há quatro fatores que contribuem para a proliferação do mosquito da dengue, em especial na região de Planaltina: o destino incorreto do lixo pelos moradores, o fato de a cidade ser considerada dormitório, a precariedade do sistema de abastecimento de água e a falta de cooperação da população no ato da pulverização.
“Primeiro você tem o destino incorreto do lixo, pois grande parte é jogada em terrenos baldios ou mantidos em casas de acumuladores. Depois temos que lidar com um alto índice de residências que ficam fechadas durante a semana e impedem o nosso trabalho”, diz.
Como segundo ponto, ele destaca que “o sistema de distribuição de água na região é insatisfatório, e muitas pessoas optam por manter reservatórios, mas não fazem a limpeza correta com sabão e detergente”.
Por último, Trindade aponta a dificuldade de isolar as áreas contaminadas, onde é necessária a aplicação de quatro pulverizações, “e os moradores não contribuem até o final”, esclarece.
Trindade afirmou que entre 40% e 50% das casas visitadas pela equipe da Vigilância Epidemiológica estavam fechadas durante a semana. “Não há o que fazer nestes casos, o que nós estamos tentando é realizar os mutirões quinzenais aos sábados”.
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Prevenção depende de todos
Enquanto os índices não baixam, moradores têm medo de contrair a doença, que pode levar à morte em casos mais graves. “Com esse monte de casos, não sei onde isso vai parar. A gente tenta fazer a nossa parte, mas sei que muita gente não está cooperando”, diz a dona de casa Maria Ferreira, 33 anos.
A aposentada Francisca da Silva Santos, 67 anos, disse temer que seus netos e filhos sejam alvos da dengue. “Tem muito lixo por aqui, isso faz um cenário ideal para a criação. As pessoas sabem, mas não vejo tomarem atitudes para mudar”, completou.
A aposta da Vigilância Epidemiológica é instruir crianças para que elas sejam agentes multiplicadores de combate à dengue. Para isso, foi criado o Núcleo de Educação de Visita às Escolas, que profere palestras, jogos didáticos e debates sobre o assunto. O objetivo é que eles levem até suas casas informações básicas para eliminar os focos de disseminação do mosquito.