Num grave atentado contra a democracia, as eleições municipais deste domingo (2) estão banhadas de sangue. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o bangue-bangue eleitoral já provocou pelo menos 20 homicídios envolvendo candidatos e pré-candidatos neste ano. Os crimes foram cometidos em Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte, Acre, Rondônia e Rio Grande do Sul.
A vítima mais recente em Goiás foi José Gomes da Rocha (PTB), ex-prefeito e candidato a prefeito de Itumbiara. Ele morreu com um tiro na cabeça, na quarta-feira (28), quando participava de carreata ao lado do vice-governador e secretário estadual de Segurança, José Eliton Figuerêdo Júnior (PSDB), atingido no abdômen. O advogado da prefeitura, Célio Rezende, também foi baleado. O autor dos disparos, Gilberto Ferreira do Amaral, funcionário da Secretaria Municipal de Saúde, e o cabo da Polícia Militar Vanilson Rodrigues, que fazia a segurança de Zé Gomes, morreram no tiroteio.
Em 21 de agosto foi a vez de Paulino Rodrigues da Silva, vice-presidente do Partido da República (PR) em Santo Antonio do Descoberto (GO), a menos de 50km da capital federal. O Pastor Paulino, como era conhecido, foi executado com quatro tiros na porta de casa, no bairro Morada Nobre. O assassinato ocorreu menos de um mês depois da morte, com 13 tiros, do jornalista João Miranda do Carmo, pré-candidato a vereador.
Repúdio – O presidente do TSE, Gilmar Mendes, divulgou nota de repúdio ao atentado em Itumbiara. “Nós estamos em contato estreito com o Ministério da Justiça e também já pedimos que a Polícia Federal atue na investigação desses episódios que repercutem e podem afetar o pleito eleitoral”, disse Mendes na quinta-feira (29), durante a sessão plenária da corte.
Quanto aos outros episódios de violência envolvendo candidatos, Gilmar Mendes disse que o TSE está atendendo aos pedidos dos tribunais regionais e governadores para presenças de forças federais neste primeiro turno das eleições – poderá haver segundo turno nas cidades com mais de 100 mil habitantes.
Presidente da Portela – Na segunda-feira (26), o candidato a vereador Marcos Vieira Souza, o Falcon, foi executado a tiros de fuzil em seu comitê de campanha, no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro. Ele era presidente da Portela, uma das mais tradicionais escolas de samba cariocas, e subtenente licenciado da Polícia Militar. Desde março, a corporação investigava ameaças de morte ao policial, acusado de ligação com milícias, segundo investigação da Polícia Civil.
“Embora também as autoridades do Rio tenham dito que havia disputa de algumas atividades ligadas ao crime comum, ao crime ordinário, mas isso envolve sempre milícias, envolve o narcotráfico. Alguns candidatos estão associados, o que traz outra preocupação, que é o crime organizado participando do processo eleitoral, isso realmente é algo delicado”, declarou Gilmar Mendes.
A Polícia Civil do Rio investiga a atuação de grupos paramilitares, como as milícias, e o tráfico de drogas no processo eleitoral. A suspeita de que milícias estariam cobrando de R$ 15 mil a R$ 120 mil de candidatos para que façam campanha em áreas da zona oeste da capital e cidades do Grande Rio pode ser investigada pela Polícia Federal.
Reforço militar – Pelo menos 25 mil militares das Forças Armadas serão responsáveis pela segurança e apoio logístico nas eleições. Do total, os militares reforçarão a segurança em 307 localidades de 12 estados indicados pelo TSE. Ao todo, serão utilizados 1.243 viaturas, quatro blindados, 89 embarcações e 26 aeronaves da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.