Não somente vulcões deslumbrantes, costas litorâneas para dois oceanos, tampouco a inexistência de exército no país ou seu lema “iPura Vida!” (que serve para retratar a cordialidade e a harmonia de todo um povo) fazem da Costa Rica uma exceção nas Américas. A quebra de um ciclo de guinada à direita nas eleições das Américas e do mundo, com a vitória de um candidato de centro-esquerda, também reafirma a excepcionalidade deste país, demonstrando união e senso de responsabilidade democráticos.
Contrariando pesquisas e prognósticos, o povo costarriquenho, em pleno final de semana de um dos feriados mais importantes do país, regressou das praias e vulcões às suas cidades e, em massa, compareceu às urnas no último domingo, e não só diminuiu em 66,5% a abstenção do primeiro turno, como elegeu Carlos Alvarado, do Partido Acción Ciudadana (PAC). Foi uma vitória acachapante, obtendo mais de 60% dos votos e derrotando a candidatura oportunista do ex-deputado evangélico Fabrício Alvarado, do Partido Restauración Nacional (PRN), que em sua campanha declarou guerra aos direitos civis LGBTIs e à corrupção.
No sábado, a capital foi tomada por carros, bandeiras e pessoas, e até cachorros vestidos de amarelo e vermelho, cores da campanha do PAC. Extasiados em uma festa genuinamente democrática, diziam não ao despreparo técnico e ao oportunismo moral, e demonstravam que não cometeriam o mesmo erro do primeiro turno.
Em meio à carreata e a milhares de pessoas nas ruas, me senti como em uma comemoração pelo título de uma Copa do Mundo. Mas se tratava do prenúncio dos votos que seriam dados no dia seguinte. Era sintomático: a cada cem carros, apenas um carregava a bandeira de Fabrício Alvarado.
Em nossa cobertura, no dia da eleição, passávamos pelos locais de votação e as tendas lado a lado, de ambos os candidatos, reafirmavam a tendência de vitória do PAC. Filas para pegar adesivos e bandeiras de um lado, e apenas equipes de campanha, solitárias, do outro.
Nossos vídeos e fotos, que podem ser vistos na fanpage da consultoria Viés Marketing Estratégico, registraram tudo. No meio do domingo saímos da capital, San José, e passamos por cidades mais ao interior até a província de La Fortuna. A tendência, visível por bandeiras, ainda que atenuada, era também de vitória do PAC.
A preocupação em não colocar o país nas mãos de um candidato sem propostas reais, preparo técnico, acadêmico e político, que apenas usava a pauta moral como bandeira, apesar de mais de 80% do povo costarriquenho ser católico, foi o maior recado de responsabilidade com a democracia e com os direitos civis de todos que a Costa Rica deu ao Brasil, às Américas e ao mundo.
A entrevista exclusiva que fizemos com o ministro da Comunicação da Costa Rica, Mauricio Herrera Ulloa, que será divulgada na fanpage do Brasília Capital, demonstra as bases deste resultado.
No próximo dia 20, o projeto Tour Eleições das Américas embarca para a Assumpción, capital do Paraguai, para analisarmos as estratégias e a reta final da campanha presidencial naquele país. Acompanhe essa jornada em nossas redes sociais e exclusivamente no site e no www.bsbcapital.com.br, do Brasília Capital.