O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (14), por 11 votos a favor e 9 contra, o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) pela cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por quebra de decoro parlamentar ao mentir sobre ter contas no exterior durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras.
O voto decisivo no Conselho de Ética foi da deputada Tia Eron (PRB-BA). Mais cedo, ela afirmou que votaria com a “consciência\”. A parlamentar acrescentou que foi cobrada a resolver o \”problema\” que os “homens” do colegiado não solucionaram em nove meses de tramitação da representação que pedia a cassação do peemedebista. Ela ainda não havia declarado sua posição publicamente e se isolou nos últimos dias para evitar pressão de aliados e adversários de Cunha. Na última semana, Tia Eron não participou da reunião que tentou votar o parecer pela cassação e havia grande expectativa pela presença da parlamentar na reunião desta terça.
Segundo o relator, Cunha é o dono de pelo menos quatro contas na Suíça: Köpek; Triumph SP, Orion SP e Netherton. Ao pedir a cassação, Rogério disse que as contas são verdadeiros “laranjas de luxo”. “Estamos diante do maior escândalo que este colegiado já julgou. Não se trata apenas de omissão, de mentira, mas de uma trama para mascarar a evasão de divisas, a fraude fiscal\”, disse. “Estamos diante de uma fraude, de uma simulação de empresas de papel, de laranjas de luxo criadas para esconder a existência de contas no exterior”, acrescentou.
Em nota publicada após o término da votação, Cunha afirma que \”o processo tem nulidades gritantes\” e que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Ele diz ainda ter \”absoluta confiança\” de que reverterá a decisão. Caso o recurso seja rejeitado, o processo ainda precisa ser analisado em plenário. Para que o parlamentar tenha o mandato cassado, é preciso pelo menos 257 votos, a maioria absoluta dos 513 deputados.