As suspeitas de irregularidades no Sistema S são abordadas em reunião de conselheiros do Sesi/DF, Senai/DF e IEL/DF comandada pelo presidente da Federação das Indústrias (Fibra-DF) Jamal Bittar. Foram citados vários aspectos que se referem à má gestão das entidades. Todos, de acordo com áudio captado em gravação a que o Brasília Capital teve acesso, originados em administrações anteriores. Entre eles, gastos excessivos em viagens, uso de hotéis luxuosos, excesso de pessoal no Sesi e no Senai, e pesadas críticas ao presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, feitas por Jamal. Ele aborda até gastos com prostitutas.
A reunião ocorreu em 4 de maio deste ano. O áudio, em pendrive, com degravação de 41 páginas, foi incluído no processo trabalhista, de natureza pública, 1269.56.2017.5.10.0008, na 8ª Vara do Trabalho, em que Sesi/DF demanda contra um dirigente sindical. Sobram críticas também à Confederação Nacional da Indústria (CNI), com cobrança de “respeito” por um conselheiro. Ele entra no que mais interessa – o dinheiro. E comenta patrocínio de times de futebol, viagens com “hotel caro, com passagens de primeira classe, para passar dias lá fora. (…) A CNI até onde se sabe, e é sabido pelos jornais, tem bilhões de reais guardados. (…) Com R$ 4 bilhões guardados”.
A irritação com a CNI é por causa de exigências de estudos técnicos, aparentemente para que a Fibra e seus subordinados Sesi e Senai recebam recursos da Confederação. “O que eles querem fazer com a gente?”, indaga. Depois, o menosprezo: “(…) com aquela montanha de dinheiro que se despejava (…) e agora não tem e nós conseguimos atender os nossos sindicatos melhor que até antes atendia. Tamos fazendo mágica”.
Suspeitas
Uma conselheira sublinha: “E a gente tem muito (sic) história malcontada dentro do Sistema no Distrito Federal”; e enumera “(…) compras, prazos de pagamento atrasados dentro do Sistema. Isso nunca aconteceu!”. Jamal endossa as críticas à CNI, que para ele se diferencia da Fibra. “(…) CNI, que é gestão atual e outras anteriores também, né?”. Neste caso, fica patente para os conselheiros que na gestão de Jamal não há mais irregularidades na Fibra.
A intervenção de Jamal descamba. Depois de chancelar a ideia de que tanto a atual diretoria da CNI quanto a anterior tem “simbiose definitiva” e que a Fibra “luta no orçamento deficitário”, chega-se à prostituição. A respeito de despesas de sindicatos ele fala “(…) De viagens milionárias para frequentador de puteiro, desculpe a expressão, mas é fato (…) Essas orgias foram promovidas e não (…) e eu não queremos pagar a conta (…)”.
Depois de muita lavagem de roupa suja, nove conselheiros validam, com suas indagações, o que Brasília Capital vem publicando sobre irregularidades no Sistema S. Indignado, Jamal Bittar proibiu a entrega do jornal no Sesi, Senai e sede da Fibra. Ele encerra a reunião, desferindo ácidas críticas a Paulo Skaf (veja a próxima reportagem).
Presidente da Fiesp é classificado como louco
Na reunião da Fibra, em 4 de maio deste ano, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, é qualificado por Jamal Bittar como “insano” (louco) por ter defendido o fim do imposto sindical. “(…) Por quem quer nos ver com o pires na mão, para execução do cabrestão, pelo insano Paulo Skaf, que tem a instrução de que não precisa de recurso, e com o discurso mais ridículo do mundo, de cortar na própria carne (…)”.
Atitudes assim, de acordo com Jamal, enfraquecem os sindicatos. “(…) Os sindicatos vão ficar fragilizados, vão pedir às suas federações, que não têm recursos, e as federações vão pedir no pires da CNI, isso é coronelismo, promoção do coronelismo. Burro e pior (…)”. Ele entende que Skaf estimula os que criticam o Sistema S.
Vai “instigar aqueles potenciais inimigos do sistema que agora deram todo Sistema S”. “(…) aí fica aquele complicado do Paulo Skaf defendendo com aquele patinho amarelo corrompido, atingindo quem? Nós, nós, nós, que já tá na Lava Jato, vai preso.Uma das acusações mais objetivas e comprovadas, o próprio Paulo Skaf que tá patrocinando a campanha dele para governador de São Paulo, com papo furado de cortar na própria carne (…)”.