Sabemos que, em nossa amada língua portuguesa, existem diversas palavras que são capazes de desempenhar múltiplas funções – morfológicas, sintáticas ou semânticas. Você, certamente, já “quebrou a cabeça” algumas vezes tentando saber todas as funções do “que” ou do “se”. Nesse grupo de vocábulos especiais, há mais um: o “como”. No artigo de hoje, não quero dissecar todas as funções gramaticais dessa palavra, mas quero ensejar o entendimento semântico dela. Veja os seguintes exemplos:
- Como você estuda muito, será em breve aprovado!
- Ele é inteligente como você!
- Como dizem os estudiosos, a capacidade humana é infinita!
- Não só ele como você são excelentes pesquisadores!
Em todas as orações, o vocábulo “como” é, morfologicamente, conjunção – que é um grupo de palavras sem classificação sintática. Todavia, cada um deles possui um valor semântico.
Em 1, note: primeiro ocorre o estudo; depois, a aprovação. Em outras palavras, é nítido que uma ação precisa ser executada primeiro para que haja uma consequência. Entende-se, portanto, que “como” introduz uma oração de valor causal. Seria semelhante a você será em breve aprovado, porque estuda muito!
Obs.: toda causa é sempre acompanhada de uma consequência, e vice-versa!
Em 2, claramente há uma semântica comparativa! Há dois indivíduos inteligentes, e um é tão inteligente quanto o outro! Nesse caso, é possível perceber que, após “você”, está implícito o verbo “é” (ele é inteligente como você é).
Em 3, a informação de que a capacidade humana é infinita não foi formulada por mim, mas está em conformidade com o discurso de estudiosos. Em outras palavras, segundo/conforme/de acordo com estudiosos, a capacidade humana é infinita!
Por fim, em 4, perceba: ele e você/tanto ele quanto você são excelentes pesquisadores! A semântica atrelada ao texto agora é de adição!
Volto a dizer: neste artigo, não estão todas as funções do “como”, mas já é um bom começo para atiçar a sua curiosidade!