Esse foi o título de matéria publicada no New York Times no último domingo sobre a forma que a indústria de alimentos ocidental tem usado mercados como o Brasil e outros países em desenvolvimento para viciar a população em comida não saudável. O NY Times analisou os registros de empresas, estudos epidemiológicos e relatórios governamentais, assim como realizou entrevistas com vários nutricionistas e especialistas em saúde do mundo todo.
As entrevistas mostram uma modificação importante na maneira como os alimentos são produzidos, distribuídos e anunciados em grande parte do mundo. De fato, a estratégia adotada tem contribuído para o aumento da obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, inclusive nos locais mais remotos do nosso país. Um dado muito preocupante no mundo é que o número de indivíduos obesos pela primeira vez supera o número de não obesos.
Esses dados têm relação com a disponibilidade cada vez maior de alimentos de altíssima densidade energética, porém pobres em outros nutrientes, o que gera acúmulo de gordura, inflamação crônica, e um quadro de desnutrição oculta. Em locais precários, de difícil acesso, muitas vezes os moradores não consomem alimentos in natura, mesmo quando em local aparentemente “produtivo”.
Mas essas localidades de acesso precário não ficam fora de alcance para a indústria de alimentos, que chega de forma fácil e barata aí também. E o tempo de prateleira ajuda a valorizar o consumo desses produtos. Muitas são as estratégias de marketing usadas, mas a principal delas nesses locais é ser onipresente (achei que apenas Deus tivesse esse poder) e com custo baixo. O que faz com que o consumo seja diário.
A tradução de junk food é comida não saudável, mas ao pé da letra seria alimento-lixo. Veja bem no que nossa população está sendo viciada. E digo está sendo, pois terão os que dirão que é algo de livre escolha do indivíduo. Mas quando observamos uma tendência populacional, e vamos a fundo buscar as causas, percebemos que a população está sendo realmente levada ao vício. A responsável é a indústria de alimentos não saudáveis com apoio e subsídio do governo. Estamos ficando doentes, e nossa comida é que está nos matando.