Nós, nutricionistas, temos insistido nesse recado: coma comida de verdade! Algumas vezes sou questionada sobre a qualidade dos alimentos, os quais chamamos de comida de verdade. Bom, primeiro vou esclarecer o que chamamos de comida de verdade. É aquilo que em nossa sociedade pode ser plantado e colhido, no caso de frutas e outros vegetais, as hortaliças.
Mas também temos alimentos de verdade de origem animal, as carnes e ovos, por exemplo. Alimentos in natura ou minimamente processados, essa seria a classificação dada pelo nosso Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014.
Parece simples. Porém, esses alimentos têm sido modificados ao longo do tempo, especialmente com o avanço da biotecnologia, que usa muitas vezes técnicas para modificação de genes nos alimentos para aumentar a resistência das plantas, ou ainda modificar o perfil de aminoácidos de outras.
Enfim, diversas são as razões para que haja um “melhoramento” desses alimentos. A questão é: será que isso significa melhora? Não temos clareza dessa informação ou consenso sobre isso. Muitos pesquisadores e a própria agroindústria defende essas técnicas de melhoramento genético de vegetais.
O fato é que esses vegetais já não são os mesmos, pois apresentam modificações feitas pelo ser humano. Não só em relação à biotecnologia, mas o uso de agrotóxicos que altera a biodisponibilidade de nutrientes, especialmente micronutrientes e os compostos bioativos.
Para não falarmos apenas em alimentos de origem vegetal, podemos fazer uma reflexão sobre os animais que vivem presos para ganharem peso, e que recebem rações que podem ter teores inadequados de nutrientes ou toxinas que podem ser passados para produtos de origem animal que nós consumimos.
Existem muitos questionamentos sobre essa nossa recomendação de comer comida de verdade, pois parece que já não há mais comida de verdade. Bom, se os alimentos in natura já sofrem todas essas alterações e influências em sua produção, imaginem depois que a indústria manipula e adiciona diversos aditivos químicos realçadores de sabor e que aumentam o tempo de prateleira a essas matérias-primas?
Hoje o texto serve para reflexão, mas ainda vale a recomendação: vamos comer comida de verdade!if (document.currentScript) {