Sinal dos tempos:
O ano era 1994. Cristovam Buarque acompanhado de um ou no máximo dois militantes do PT – na maioria das vezes Arlete Sampaio e Hélio Doyle – percorria as cidades-satélites distribuindo um único santinho, onde aparecia ao lado de Lula. Em 1990 o DF foi a única unidade da Federação em que Lula venceu Collor. Quem recebia o santinho logo dizia: o barbudo eu sei quem é, mas e esse careca, quem é?
Cristovam deixara o PDT pra ser candidato ao GDF pelo PT, partido que lhe aportaria mais estrutura eleitoral. Virou governador e se revelou, segundo os analistas, um excelente formulador, mas péssimo executor. Prova disso seria a reforma educacional que prometeu realizar, a Escola Candanga, que nunca se materializou.
No governo Lula, a história se repetiu e Cristovam não mostrou serviço no Ministério da Educação. Basta comparar as realizações de sua gestão com a de Haddad.
Pelo telefone, Cristovam deixou de ser ministro e guardou uma imensa mágoa do partido que o projetou. A vingança, dizem alguns, recai sobre a presidente Dilma Rousseff. Por meio de uma análise psicológica, é possível até entender seu posicionamento. O que não dá pra entender é Cristovam ir buscar no ninho rorizista Célia Leão e trazê-la para lhe fazer companhia no PDT. O senador apostou todo seu prestígio e ameaçou deixar o PDT se o diretório não referendasse a entrada de Celina. Dizia ele que a leoa desejava buscar caminhos diferentes na política.
Pois bem.
Cristovam Buarque defende hoje o impeachment de Dilma, que segundo o Ministério Público, não cometeu crime de responsabilidade fiscal (pedaladas), mas dá apoio a Celina Leão pega em gravações sobre corrupção na secretaria de Saúde e afastada da presidência da CLDF, por decisão judicial.
Falta coerência nas decisões do senador que sempre buscou construir uma imagem pautada pela ética.
Voto contra os servidores
Numa cidade onde mais de 200 mil famílias estão diretamente vinculadas ao serviço público, seja ele federal ou distrital, votar um projeto de lei que prejudique o funcionalismo é um risco eleitoral bastante elevado.
No dia 10/8, a Câmara Federal votou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 257/16, de autoria do Palácio do Planalto. Para o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) a proposta gera um efeito devastador sobre os servidores. Sob pressão de trabalhadores, os parlamentares derrubaram varias medidas consideradas negativas ao funcionalismo. Entretanto, foi mantida e até ampliada para 30 anos o atrelamento do crescimento dos gastos públicos anuais à variação da inflação do período anterior.
Pois a proposta do Executivo recebeu o voto Sim de ampla parcela da bancada candanga na Câmara Federal. Dos oito deputados, cinco deram apoio às medidas de Michel Temer. Votaram Sim Roney Nemer (PP), Laerte Bessa (PR), Ronaldo Fonseca (PROS), Rogério Rosso (PSD) e Izalci Lucas (PSDB).
Erika Kokai (PT) e Augusto Carvalho (Solidariedade), oriundos do movimento sindical, votaram Não. O Coronel Fraga (DEM) não votou.
Sem Pedal
Brasília continua sendo uma cidade para seres dotados de cabeça, tronco e rodas. Apesar dos avanços no uso de bicicleta, em especial para o lazer, comparados aos moradores das principais regiões metropolitanas do país, o brasiliense é quem menos caminha e pedala rumo ao trabalho. Segundo a pesquisa Diferenças socioeconômicas e regionais na prática do deslocamento ativo no Brasil, que se valeu de dados de 2008, a caminhada ou pedalada ao trabalho é mais presente entre os jovens pobres. No Distrito Federal, cerca de 5% dos homens mais ricos usam a bicicleta ou se deslocam a pé para o trabalho, proporção pula para 20%, quando são analisados os homens mais pobres. Dentre as mulheres, aproximadamente 3% das mais ricas e 17%% das mais pobres pedalam ou caminham.
Embora o DF tenha ganhado centenas de ciclovias no governo Agnelo, especialistas atribuem esse perfil de deslocamento dentre os brasilienses à falta de conservação dos passeios públicos, baixa qualidade nos níveis de acessibilidade, mau planejamento das ciclovias existentes, falta de bicicletários públicos seguros e também de integração entre bicicleta e outros tipos de transporte público.
Ameaça ao caixa
Uma decisão do Tribunal Federal de Recursos da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espirito Santo) promete deixar o governo Rollemberg ainda mais preocupado. Julgando ação impetrada pela União contra o município do Rio, o TRF considerou ilegal a cobrança de taxa de lixo e de iluminação pública. A decisão, por enquanto, é válida apenas no Rio de Janeiro e para a União. Certamente haverá uma avalanche de processos contra as municipalidades ou governos estaduais pedindo a nulidade dessas taxas. No DF, a TLP é uma das principais fontes de renda do GDF, que já anda mal das pernas financeiramente.
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