Pesquisas para consumo interno orientam partidos e candidatos na formação de alianças para a campanha
Chico Sant’Anna
Em período de pré-campanha, pesquisas não registradas na Justiça Eleitoral circulam de mão-em-mão. Elas servem para apresentar prováveis cenários, cacifar candidatos e descredenciar outros. No passado, circulavam em fotocopias. Hoje, estão massivamente nas redes sociais. Registradas ou não, muitas vezes elas revelam cenários reais. Por isso, candidatos de diferentes matizes as consideram em seus cálculos eleitorais.
Semana passada, duas pesquisas viralizaram em grupos de WhatsApp. Uma delas mostra que Reguffe (Podemos) seria o único com cacife para derrotar o governador Ibaneis Rocha (MDB) no segundo turno. A outra demonstra que a vaga no Senado para a deputada Flávia Arruda (PL) não está garantida.
Arquitetura eleitoral
Para a esposa do ex-governador cassado José Roberto Arruda, uma proliferação de candidatos à sua esquerda a permitiria vencer com cerca de 40% dos votos, ou menos. Entretanto, caso os partidos e candidatos – que precisam tomar destino até maio – peguem esses dados como referência, deverão optar por uma arquitetura eleitoral capaz de fortalecer a deputada Erika Kokai (PT) na caminhada ao Senado.
A vantagem de Flávia não é tão grande e uma união em torno da petista poderia dar às esquerdas a única vaga em disputa. E Flávia precisa conter a centro-direita para evitar a proliferação de candidaturas. Se a federação PSDB-Cidadania, o União Brasil, o Novo, o PP e outras legendas desse espectro lançarem candidatos próprios, desidratarão o potencial da deputada do PL
Incertezas na briga pelo Buriti
De acordo com as mesmas pesquisas, a campanha ao GDF está muito indefinida. Na verdade, só dois candidatos estão efetivamente colocados: Izalci Lucas (PSDB) e Ibaneis Rocha (MDB). Nas demais legendas, Leila do Barros se prepara para deixar o Cidadania rumo ao PDT e especula-se que Reguffe deixará o Podemos. Iria para o União Brasil ou para o Solidariedade.
O PSB também já foi cogitado, mas se a federação PT-PSB-PV-PCdoB vingar, esse destino ficaria descartado, pois essa frente apoiará Lula ao Planalto. E Reguffe sempre busca se posicionar nem tão distante, mas também não tão perto, da esquerda. Mas evita se misturar com o PT.
Imaginário
Rafael Parente (PSB) e Leandro Grass (PV), vingando a federação petista, terão que cortar um dobrado para serem o protagonista da esquerda. O PT-DF já soltou nota em que diz que não furtará de apresentar um candidato – o ex-deputado Geraldo Magela e a professora Rosilene Corrêa brigam pela vaga.
Criar um imaginário social em que Reguffe seria o único capaz de derrotar o atual inquilino do Buriti. É nesse cenário que a segunda pesquisa que circulou nas redes sociais tenta influir. Se ela surtir efeito, terá por objetivo torná-lo o centro das articulações oposicionistas. Resta saber se os demais irão se convencer, tirar o time de campo e apoiá-lo.