O Presidente da República de qualquer país simboliza diversos signos, mensagens e valores. O principal de todos é dar rosto, imagem e personalidade à política econômica e buscar fazer a economia do país crescer, atraindo recursos externos e buscando estabilidade política interna com o Congresso para criar garantias críveis aos investidores, a tal ponto que migrem seu capital da especulação financeira ou de outros países para a infraestrutura e produção industrial, de serviços e econômica locais.
Na quarta-feira (4), foi anunciado o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Trata-se do principal indicador do desempenho da economia de um país. Crescemos 1,1%. Uma diminuição ao redor de 15% referente ao PIB de 2018, último ano do governo tampão de Michel Temer, que foi de 1,3%.
O Presidente escalou Carioca, um humorista imitador decadente e politicamente histérico em suas aparições públicas, para fazer uma performance de Bolsonaro, animar a já conhecida claque da porta do Palácio do Alvorada e literalmente jogar bananas aos jornalistas de plantão, ávidos por informações sobre o plano técnico para recuperação da economia em 2020.
Mas ele foi além. Quando questionado sobre a performance do PIB, Bolsonaro sorriu e pediu para que Carioca respondesse em tom de deboche algumas palavras soltas, bordões de memes de redes sociais, enquanto um oficial da Marinha gravava o espetáculo pelo celular. Bolsonaro e seu personal imitador simbolizaram ao mundo e aos investidores nosso circo governamental, e ajudaram a carimbar um crescimento ainda menor para 2020.
Bolsonaro não estava ali satirizando e ironizando uma imprensa supostamente marrom. Estava, ali, maltratando, debochando e espantando investidores, empresários e as chances de o Brasil voltar a ser levado a sério pelo mundo. Mas será que ele tem consciência disso?
Donald Trump, presidente dos EUA, ao qual tanto comparam Bolsonaro, é um empresário multimilionário, foi apresentador de TV, e por mais que use estratégia grosseira e violenta ao se comunicar com a imprensa, e não seja modelo de estadista, sabe dar valor aos investimentos e jamais humilharia a economia de seu país com um palhaço a tiracolo.
Um palhaço foi anunciar o PIB brasileiro e debochar da imprensa, mas o que assusta mesmo é a psicopatia diária, alheia aos holofotes e às coletivas de imprensa, governando o quinto maior país em extensão e população do mundo, e a oitava maior economia do planeta.
Jair, Joker, Carioca ou Coringa. A estratégia insana de comunicação e coalizão política de um presidente que traduz deboche e psicopatia em suas ações para 210 milhões de vidas brasileiras: Apatia econômica, 2 milhões e meio de pessoas na fila do INSS aguardando há mais de seis meses seus benefícios para poder comer; 12 milhões de desempregados; direitos fundamentais violados; meio ambiente profanado; índios, negros, mulheres e gays desrespeitados e assassinados; 38 milhões de subempregados, muitos famintos ironicamente sendo entregadores de comida com caixas térmicas nas costas; dólar e gasolina a R$ 5, ódio nas ruas, empatia social anulada, o absurdo normalizado como cotidiano.
Bolsonaro é o mensageiro do caos, tal qual como Coringa em seu mundialmente aclamado e premiado filme Joker. Mas qual é a sua intenção em promover o caos? Será medo ou método? Será improviso ou projeto?
Nosso insano Jair seguirá somente com piadas antiquadas, infames e sexistas com o Carioca zoando nossos jornalistas, ou em breve encarnará o Coringa, renegará as instituições e estourará os miolos daqueles que ousarem confrontá-lo em frente às câmeras?
Em vez de uma camisa de força, demos 58 milhões de votos e um país a um psicopata.
(*) Consultor de Marketing Político Eleitoral