Na adolescência, já dava saudade da infância e dos amigos que sabiam criar as mais diferentes trapizongas. Era uma saudade que mexia a cabeça dessas mentes curiosas, para saber se iríamos sofrer com as primeiras paixões, as primeiras dúvidas sobre carreira profissional, emprego que desse aposentadoria etc. Em suma: era o começo da pré-vida adulta. Coisa difícil.
Da infância, no entanto, restavam as habilidades inesquecíveis: o jogo de pião feito de goiabeira (só roda com ponteira, na palma da minha mão – cantava o velho Gonzagão); o tabueiro de damas desenhado na calçada; os campos de futebol de botão (ainda de osso), com marcação mal feita em algum eucatex; e, principalmente, jogar ao vento, levada por um carretel de linha de costura, a arraia, ou, como se diz por aqui, papagaio, pipa, e que outros nomes tenha.
Pois a revista piauí publicou matéria, dia desses, sobre os novos adolescentes do País. Diz que os rapazes, seguidores do que se chama cultura coach, viraram influenciadores mirins de calças curtas. O objetivo: ensinar a crianças e adolescentes como enriquecer.
O primeiro ensinamento, enfatiza a revista: largar a escola. Nada contra largar a escola, ganhar o primeiro milhão agora, ter saudade do primeiro Atari.
Mas, se é assim, diria, como falso influenciador: estou disposto a repetir, sempre que possível, uma ideia que nos livre da intolerância com as incertezas. É desse jeito: vamos socorrer nossos irmãos do México, ajudando aquele país a se livrar de 500 milhões de litros de tequila em seus barris.