O presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, Gutemberg Fialho, cobrou, sexta-feira (17), ações mais efetivas dos órgãos de fiscalização – Tribunal de Contas do DF e Câmara Legislativa – sobre a crise no Banco de Brasília (BRB).
“Existe uma ameaça à aposentadoria dos servidores públicos locais”, avalia. Gutemberg lembra que, em 2017, na gestão Rodrigo Rollemberg(PSB), houve a transferência de 16,47% das ações do BRB para recompor os recursos retirados do Instituto de Previdência dos Servidores (Iprev).
“À época, a transferência foi uma ‘compensação’ de saques do Iprev feitos pelo GDF antes da reforma da Previdência, aprovada em setembro daquele ano. O SindMédico questionou a manobra. Em um dos saques ao Iprev, o GDF tirou,de uma só vez, R$ 1,3 bilhão da previdência dos servidores”.
Na mesma época, o então governador alterou a Lei de Previdência dos servidores do DF com o “PLC do Espanto”. O texto unificou os fundos do Iprev e implantou a previdência complementar, medidas consideradas “imprudentes” por Gutemberg.
CPI – Na última semana, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi à Câmara Legislativa dar explicações sobre a situação financeira da instituição. “É pouco. É necessário que nossos distritais e outros órgãos de fiscalização ajam de maneira mais enfática. Trata-se do futuro da aposentadoria dos servidores”, rebate Gutemberg.
Para o presidente do SindMédico, a Câmara já deveria estar se movimentando no sentido de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar irregularidades no BRB. “Até o momento não vimos nenhum deputadorepresentante da Saúde se manifestar sobre o Iprev”, cobrou.
Baseado em matérias publicadas na imprensa, Gutemberg elenca uma série de fatos suspeitos que podem embasar a instalação da CPI. Entre eles, inconsistências de dados contábeis, parcerias duvidosas e deterioração de indicadores.
“No fim de outubro, o Banco Central chegou a obrigar o BRB a refazer seus balanços de 2022 e de 2023 por causa de lançamentos indevidos de receitas, o que provocou danos nos demonstrativos financeiros da instituição. Após refazer os cálculos, o BRB passou de um lucro líquido de R$ 69,9 milhões para um prejuízo de R$ 43,3 milhões”.
Gutemberg aponta, ainda, que a parceira do BRB com o Flamengo, que resultou na Nação BRBFla, também não é vantajosa para o banco. “Há estimativas de que, se o cenário da sociedade não for revertido, no decorrer deste ano o BRB terá de assumir que teve mais R$ 295 milhões em prejuízos ao emprestar dinheiro para torcedores do Flamengo”.
Nesta conta, segundo o presidente do SindMédico, além dos “caloteiros”, outro beneficiado é o próprio time de futebol. O rubro-negro não arcacom nenhuma parcela dos prejuízos acumulados pela Nação BRBFla e recebe, periodicamente, uma bolada do BRB. Apenas em julho, foram R$ 22 milhões em patrocínios.