Tácido Rodrigues e Lucas Valença
O Distrito Federal e o Entorno têm características e vocação para manter o crescimento, mesmo num período de crise, desde que houvesse planejamento. A opinião foi manifestada pelo economista José Luiz Pagnussat, integrante do Conselho Federal de Economia (Cefecon), durante o evento “Os desafios de Brasília”, quinta-feira (20), no Centro Universitário de Brasília (UniCeub), promovido pelo site Congresso em Foco.
O especialista destacou que o PIBper capita, a alta qualidade de vida e a escolaridade elevada da população podem ser aspectos importantes na retomada do crescimento do DF. Pagnussat aponta que a crise fiscal do setor público, o desemprego e problemas ligados à água, energia e meio ambiente são obstáculos que precisam ser superados. “Há vários pontos a serem melhorados. Um deles é a renda. O DF possui o pior índice de concentração de renda e, ao mesmo tempo, o melhor IDH do País”, comentou.
Tendo como base pesquisa da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) sobre economia, escolaridade e desemprego, de agosto passado, o economista ressalta que o comércio foi o setor mais afetado pela crise no segundo trimestre de 2016. “A taxa de desemprego já passa de 18%, sendo que o grupo formado por cidades mais ricas (Brasília, Lago Sul e Lago Norte) possui apenas 7,4%. Precisamos rever as oportunidades de emprego nas demais regiões administrativas”, completou.
Urbanismo – O arquiteto José Galbinski, estudioso do planejamento de Brasília, criticou a mentalidade dos gestores da cidade. Para ele, a megalomania está presente nos monumentos, em detrimento da população, que, muitas vezes, não possui nem calçada para se locomover. “Tudo tem de ser feito simultaneamente. Não se pode esquecer as pessoas que compõem a cidade. Brasília possui um urbanismo que não pensa nas pessoas”.
Para a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que compareceu ao evento, Brasília possui uma história diferente das outras cidades. Na visão dela, a capital não nasceu a partir do patrimonialismo de uma oligarquia local, mas é fruto de um projeto nacional e de uma ‘utopia’ do arquiteto Lúcio Costa. “É muito importante que Brasília possa ter espaços de discussão sobre ela mesma, até porque nós viemos de todos os cantos do Brasil”, disse.
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