Se estivéssemos em um cassino, o croupier pronunciaria a célebre frase: “o jogo está feito”.
Ao longo das últimas semanas, os candidatos percorreram todos os cantos para dialogar com os eleitores. Apresentaram suas propostas. O prazo foi curto, o tempo de propaganda eleitoral ainda menor e a grande mídia não colaborou muito para fazer com que os candidatos fossem mais conhecidos. Em especial os parlamentares. Mas a sorte está lançada e cabe ao eleitor decidir como serão o Brasil e Brasília nos próximos quatro anos.
Não é uma decisão fácil, e o eleitor vem abusando nos erros. Nos últimos 12 anos, foram cinco governadores – dois interinos. Dois deles estão condenados em processos judiciais, outro sob inquérito. Da composição atual da Câmara Legislativa, 13 dos 24 distritais estão sob investigação, processos ou mesmo condenações. Não é muito diferente a situação da Câmara Federal, onde metade dos atuais oito deputados responde a processos na Justiça. No Senado, nos últimos anos, três senadores conheceram a Papuda por dentro, além das renúncias de mandato para tentarem fugir de cassações. E todos esses chegaram aos cargos que assumiram única e exclusivamente em decorrência das escolhas do eleitorado.
Por isso, a decisão que tomaremos no dia 7 deve ser muito bem pensada. Mas esta não tende ser a realidade. Seis, em cada dez eleitores não sabem, por exemplo, em qual senador irão votar. Mais grave: não sabem para que serve um senador. E isso é fruto de um distanciamento crônico dos parlamentares federais do cotidiano dos brasilienses. A reclamação costumeira das ruas é que os parlamentares da mais alta Casa desconhecem o que acontece no DF. “São senadores da República e não de Brasília”, costumam reclamar os eleitores, os mesmos que reclamam soluções para a crise na Saúde, para o sucateamento da Educação, para a Mobilidade Pública e, principalmente, para a chaga do desemprego que ultrapassa a casa dos 300 mil brasilienses.
Não voto – Em se confirmando os prognósticos das pesquisas, a quantidade de não voto – abstenções, voto nulo e em branco – será bastante expressiva. Mais do que revelar um distanciamento do eleitor das possíveis soluções e melhorias para a cidade, demonstra um descaso para o que está acontecendo. Não votar significa dizer que tudo está bem como está, que tanto faz como tanto fez. Que não faz diferença alguma participar do pleito.
Mas a ausência do eleitorado nas urnas fragiliza o processo democrático e tende a manter o mesmo perfil de políticos que atuam no momento. O eleitor não só deve votar, como deve ser chamado a participar ao longo dos governos. Seu papel deve ser reforçado com mecanismos de democracia direta, capazes de fazer com que o eleitor tenha uma participação mais permanente, que tome decisões ele mesmo ao longo do mandato do governo escolhido.
O eleitorado precisa exercer seu papel nessas eleições. E exercer bem. Caso contrário, não adiantará reclamar. Quem não escolhe, deixa os outros decidirem por ele. É como uma assembleia de condomínio. Quem não vai e não participa, não pode reclamar depois da qualidade do síndico e de suas decisões.