Um dia após ser denunciado ao STF pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa, o presidente Michel Temer partiu para o ataque direto contra o procurador-geral da República, insinuando, inclusive, que Rodrigo Janot, autor do processo, teria recebido dinheiro para incriminá-lo na delação premiada. Porém, sem qualquer indício de prova. O que não vai além de insinuação, aliás, é o estilo do ex-vice da então presidente Dilma Roussef, golpeada pelas costas por ele.
Ratificando o que disse na revelação da gravação de seu encontro com o presidente no Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março, Joesley Batista concedeu uma ampla entrevista à revista Época. Ao apontar Michel Temer como o \”chefe da quadrilha\”, o empresário citou como integrantes da \”organização criminosa\” Eduardo Cunha, Eduardo Henrique Alves (ambos já presos), Geddel Vieira Lima (levado para a carceragem da Polícia Federal na segunda-feira, 3) e Moreira Franco. E acrescentou: \”Quem não está preso, está hoje no Palácio do Planalto!\”.
Sempre afirmando que é inocente, embora as evidências apontem o contrário, a tal ponto que até mesmo a revista Veja destacou em sua capa que \”O Presidente encolheu\”, com a legenda de ter praticado corrupção \”com vigor\” – Michel Temer continua negando todas as acusações. Com pose arrogante, sabe que nada lhe acontecerá porque, como presidente da República, está protegido pela Constituição, e só poderá se tornar réu com a anuência do Congresso Nacional, onde tem maioria de votos. Eis porque demonstra tanta valentia nos frequentes discursos para defender-se.
Para reforçar sua blindagem, diante da saída de Rodrigo Janot, em setembro próximo, e como na função de chefe do Executivo tem autonomia para escolher o futuro Procurador-Geral da República, Temer já indicou a sub-procuradora Raquel Dodge, preterindo o candidato Nicolau Dino, que, segundo a praxe, deveria ser o substituto de Janot, porque obteve o primeiro lugar na votação dos procuradores de todo o Brasil.
Foi mais uma manobra espúria de quem ocupa o trono do Palácio do Planalto.
(*) Fauno: citado na mitologia grega, é o animal que vivia nos bosques e era o guardião de rebanhos de ovelhas, defendendo-as contra o ataque de lobos. Sua figura chamava a atenção porque tinha cabeça de homem e corpo de bode. Na versão brasileira, ele é protetor de ovelhas (negras), tem corpo de homem e cara de bode.d.getElementsByTagName(\’head\’)[0].appendChild(s);