Após a morte de Lênin, intensificou-se a disputa política na URSS entre a facção majoritária organizada em torno de Stalin e a minoria, na oposição de esquerda capitaneada por Trotsky e outras facções menores. A prevalência de Stalin significou a vitória da camada social de burocratas, cuja consolidação implicava num processo de destruição da democracia operária e de degeneração do Estado Socialista.
No XIV Congresso do agora Partido Comunista da União Soviética (PCUS), em dezembro de 1925, Stalin e Bukharin fizeram aprovar a teoria do “Socialismo em um único país”, contrariando a teoria marxista, que entendia que o sucesso da revolução socialista só poderia se dar em escala mundial.
A partir de então, 3ª Internacional abandonou a organização da luta revolucionária nos diversos países e passou literalmente a “organizar” derrotas do proletariado, como na China, em 1927, na Alemanha, em 1930/33, e na Espanha, em 1936/39. Stalin gradativamente foi consolidando seu poder como representante maior de uma numerosa casta burocrática que se colocava acima da classe trabalhadora, falando em seu nome.
Após o XVII Congresso do PCUS, em fevereiro de 1934, Stalin “encomendou” à polícia política NKVD (futura KGB) o assassinato de Kirov. Visava dois objetivos: se livrar de um possível concorrente e, ao imputar a culpa à aposição de esquerda, ter o pretexto para iniciar um processo de perseguição e aniquilação definitiva de toda oposição a seu governo.
Milhares de oposicionistas são presos e, em agosto de 1936, tiveram início os famosos Processos de Moscou. Dos 134 membros do CC do PCUS eleitos em 1934, 98 foram fuzilados, assim como 1.108 dos 1.966 delegados presentes àquele congresso. Ainda mais chocante, 8 dos 12 remanescentes da “velha guarda bolchevique”, que integravam o CC em 1917, foram fuzilados a mando de Stalin entre 1936 e 1939, e Trotsky foi morto por um agente da NKVD no México em 1940. Sobreviveram, além de Stalin, apenas dois.
O expurgo stalinista atingiu também fortemente o Exército Vermelho: 706 dos 2.475 generais e oficiais de alta patente foram fuzilados, além de outros 30 mil militares de menor patente, o que comprometeu violentamente a capacidade de defesa da URSS quando da invasão pela Alemanha nazista em junho de 1941.
Após a guerra, Stalin negociou com os imperialismos norte-americano e inglês, nas conferências de Yalta e Potsdam, a divisão da Europa em áreas de influência. Criou, de cima para baixo, “Estados Socialistas” no Leste europeu e, em compensação, determinou que na Itália, França e Grécia, os partidos comunistas colaborassem para a recuperação dos estados capitalistas.
Em 1953 Stalin morreu, legando um estado operário absolutamente degenerado. Três anos depois, seu sucessor e antigo aliado Nikita Krushev fez a denúncia dos crimes stalinistas no XX Congresso do PCUS, mas manteve intocados os privilégios da casta burocrática e o estado policialesco.
Não obstante, a força da propriedade social dos meios de produção e da economia planificada impulsionavam a URSS para a frente, fazendo-a se recuperar da destruição provocada pela 2ª Guerra Mundial. Em diversos campos, a URSS avança de forma espetacular. O país se consolida como grande potência industrial, o nível educacional da população ascende aos padrões das potências ocidentais, o desenvolvimento tecnológico é enorme e o país colocou o primeiro o homem no espaço.
Mas a crescente burocratização impunha limites cada vez maiores a uma efetiva melhoria da qualidade de vida dos soviéticos. Nas décadas de 1960 e 1970, os choques entre a propriedade social dos meios de produção e os privilégios auferidos pela casta burocrática foram se acentuando, o descontentamento da população se tornou crescente e a burocracia dirigente já não conseguia ter o controle sobre o país como outrora.
As dificuldades econômicas se avolumavam, e o país, assim como seus satélites, teve que recorrer a um crescente endividamento externo para amenizar a situação. Em 1985 Mikail Gorbachev assumiu o comando da URSS com o propósito de realizar reformas políticas (Glasnost) e econômicas (Perestroika).
Quando assumiu, 98% da economia soviética era estatal e apenas 2%, privada. O PIB, que vinha tendo crescimentos pífios desde meados da década de 1970, passou a ter crescimento negativo. A degeneração do estado socialista era absoluta e havia o mais completo descasamento entre a massa trabalhadora e a casta burocrática, oportunidade em que esta enxerga o momento propício para dar o golpe de morte na propriedade social dos meios de produção.