Todos sabemos que o consumo excessivo de massas e frituras causa obesidade. As coxinhas, embora deliciosas, não são recomendáveis para quem deseja uma silhueta mais fina. Elas são feitas de massa recheada de carne de frango desfiada e depois fritas. Verdadeiras bombas calóricas.
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Mas não se tinha notícias, até o último domingo (15), de uma coxinha que valesse por cinco. O milagre da multiplicação dos salgadinhos foi concebido pela Polícia Militar de São Paulo, sob o comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB), com a auspiciosa colaboração dos grandes veículos de comunicação do País.
Coxinha é o apelido – carinhoso ou irônico, cada um receba-o como melhor lhe aprouver – dado pelos militantes de partidos de esquerda aos manifestantes das classes média e alta que saíram às ruas ou fizeram panelaços contra a corrupção e pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Desde o início de março os grandes veículos de comunicação repercutiam a convocação iniciada nas redes sociais para o protesto do dia 15. Ainda assim, o movimento começou muito fraco na manhã de domingo. Na primeira intervenção dos repórteres da Rede Globo posicionados em várias capitais, nenhuma concentração tinha mais do que três mil pessoas.
Era muito pouco. Minutos depois, os mesmos jornalistas voltaram a entrar ao vivo, interrompendo o Esporte Espetacular. Como num passe de mágica, as multidões já se formavam em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Vitória e Curitiba. Usavam um truque de edição, fechando a imagem nos setores de maior concentração e diziam que milhares de manifestantes chegavam “em clima pacífico”.
A estratégia global se repetia na Record, na Band, na Globo News, e nas rádios CBN e Band News, entre outras. E bombava nos sites de notícias desses grandes conglomerados de comunicação. Não era apenas a notícia da cobertura de um evento sem dúvida importante para os movimentos de massa brasileiros. Era uma convocação. Era como se dissessem para seus telespectadores, ouvintes e leitores: “saia da poltrona, venha para a rua você também”.
E muita gente se animou. Vestiu-se de amarelo e verde e marchou para exercitar sua cidadania. No meio da tarde, a Globo disparou: 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista. Uma surpresa até para os organizadores. E eles logo concordaram com a informação, confirmada pela PM.
O problema é que o Instituto DataFolha, acostumado a avaliar multidões, estimou em 200 mil. A PM explicou que faz as contas com cinco pessoas por metro quadrado. Ou seja, fica todo mundo mais espremido do que sardinha em lata. Mas era conveniente para todos manter o dado.
E aí surge, depois de mensalões e petralões, o motivo para a abertura de uma nova CPI no Congresso Nacional: a do superfaturamento dos Coxinhas.