Nove dias depois da operação conjunta da Administração Regional e do DF Legal que aterrorizou feirantes e moradores na Praça das Araras, na Quadra 107 de Águas Claras, o administrador Gilvando Galdino se reuniu, na quarta-feira (10), com moradores e trabalhadores informais que tiveram as mercadorias apreendidas. Um deles foi Carlos Augusto, de 55 anos, que vende frutas e verduras no local há seis anos, sempre às terças-feiras, das 8h às 12h.
Carlos Augusto, ao lado da irmã Selma: “Só queremos trabalhar com tranquilidade” – Foto: Tácido Rodrigues/BsbCapital
O ambulante foi até à sede da Regional entregar pela terceira vez a documentação para conseguir a licença para trabalhar. “Duas vezes eu entrei com os documentos e passei por e-mail. A outra eu entreguei pessoalmente. Há uma dificuldade [na administração], porque o meu documento já era para estar aqui. Estou passando novamente tudo que eles me pedem. Só queremos trabalhar com tranquilidade”, afirma.
Sobre a operação de terça (2), Carlos acredita que os agentes do DF Legal poderiam ter seguido o caminho do diálogo em vez do uso da força. “Eu perdi de 15 a 17 caixas de produtos. O que mais me incomodou foi não ter sido comunicado. O responsável pela operação sequer se apresentou. Eu que trabalho com o público, acho que foi tudo errado. Todo mundo lá foi muito constrangido. Minha banca estava cheia de clientes, muitos ficaram horrorizados”, completa.
CIDADE VIVA — O advogado Márcio Prado, 46 anos, que mora na Quadra 107, é contrário à retirada dos ambulantes da feirinha. Ele, inclusive, criou um abaixo-assinado que já tem mais de 1.750 signatários para que a Administração reveja a decisão.
Advogado Márcio Prado – Foto: Tácido Rodrigues/BsbCapital“Como qualquer morador de Águas Claras cliente das feirinhas, dos food trucks e trailers, entendo que esse comércio traz segurança e vida para as praças. As pessoas têm condições de descer dos seus prédios para comprar legumes frescos, churrasquinho, lanches. Isso faz com que a cidade se mantenha viva. Além disso, gera trabalho e renda para as pessoas”, argumenta.
Para ele, tem espaço para todo mundo. “O que a gente precisa se preocupar é com a regularização e a organização da cidade. As feirinhas e os ambulantes precisam continuar funcionando. Eles fazem parte da cultura da cidade”.
SAIBA + Em caso de dúvidas como o tipo de licença e áreas que podem ser ocupadas, a orientação é que os trabalhadores procurem a Administração. “Nós vamos indicar um lugar para eles trabalharem com dignidade, para ganhar o pão com toda a segurança possível”, garante Galdino.