Na onda da “mudança X mais do mesmo” adotada pelo atual governo do Distrito Federal, estão fazendo alterações na Atenção Primária à Saúde, sob alegação de aumentar a cobertura da Estratégia Saúde da Família. Para isso, estão desmontando a estrutura de trabalho dos centros de saúde. Médicos especialistas em clínica médica, pediatria e ginecologia serão substituídos ou terão que atuar como generalistas. Se o paciente quiser atendimento especializado, terá que procurar as emergências dos hospitais ou as “clínicas populares” que aumentam na cidade.
Estão sendo feitos cortes de gratificações pela dedicação exclusiva dos servidores da atenção primária. Um motivo verdadeiro para se fazer o que está sendo feito “é a economia” e não o aumento do acesso da população à saúde pública. A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) prevê cerca de 3.500 pessoas por equipe. Aqui o dimensionamento real chega a 10.0000 vidas.
Os centros de saúde estão funcionando como unidades de emergência. Os programas de pré-natal, acompanhamento de hipertensos, diabéticos, antitabagismo e outros estão deixando de ser oferecidos. Pediatras, ginecologistas, clínicos e outros especialistas experientes estão sendo realocados em serviços burocráticos. E a população, coberta de razão, reclama da falta desses mesmos especialistas nas unidades de saúde.
A necessidade de aumento da cobertura do Saúde da Família é consenso. A forma de fazer isso é questionável – no DF é desastrosa. A especialização em Medicina de Família e Comunidade é necessária e a manutenção de uma rede de apoio com especialistas é indispensável. Para dar certo, a mudança tem que incluir e não excluir os servidores da Saúde e tem que ser feita de forma gradual, sem desmontar a estrutura de atendimento que já existe e funciona.
“Mudança X mais do mesmo” e “é a economia, idiota” foram dois de três pilares estabelecidos pelo estrategista de campanha eleitoral do então candidato ao governo dos Estados Unidos Bill Clinton, em 1992. O governo Rollemberg aplica a estratégia eleitoral que derrotou George Bush como programa de governo. Ao agir dessa forma temerária, trata o terceiro pilar da estratégia apenas como elemento de retórica para uso publicitário e panfletário. Esse pilar era “não se esqueça da assistência médica”. O governo Rollemberg, infelizmente, esqueceu.