Luciana Custódio (*)
Lula da Silva foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 12 de dezembro como o 36º presidente da República do Brasil. A solenidade reconheceu a lisura das eleições e a legitimidade da escolha de mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras.
A diplomação de Lula torna ainda mais próximo o início da reconstrução de um Brasil que foi saqueado por forças que priorizaram interesses financeiros e ambições de poder, em detrimento da própria vida do povo. A esperança está, mais que nunca, de volta.
E é importante comemorarmos isso, ainda que os prejuízos e as crueldades somados nos últimos seis anos tenham gerado chagas sociais difíceis demais de serem curadas. Ao reconhecermos nossas vitórias, reconhecemos também as barbaridades que foram cometidas contra nós, para que elas jamais voltem a existir.
O clima é de festa. O discurso emocionado do presidente diplomado Lula da Silva durante a solenidade no TSE resume o drama vivido por nós, brasileiros e brasileiras, assim como a coragem e a ousadia de resistir.
“Esse diploma não é do Lula presidente; é um diploma de uma parcela significava de um povo que reconquistou o direito de viver em democracia neste país”, disse o o futuro presidente durante a diplomação.
Mas não nos enganemos. A vitória obtida nas urnas breca o avanço disparado da barbárie, mas não o corta pela raiz. A extrema direita, que obteve lucros e privilégios durante os últimos quatro anos, não desistirá facilmente. Ao contrário. A tendência é que afine suas ações criminosas, reivindicando a elas caráter de normalidade legal.
O cenário não cabe apenas ao Brasil. O ataque à democracia e, consequentemente, à possibilidade de igualdade social, é internacional. Na América Latina, Chile, Argentina e Peru, por exemplo, comprovam isso. Seja pela exigência de uma Constituição escrita com o aval de ditadores, com a condenação de lideranças de esquerda, ou com a destituição e prisão ilegal de presidentes legitimamente eleitos.
No Brasil, os ataques antidemocráticos ao Estado de direito e as ações criminosas que incitam as forças armadas contra a sociedade civil seguem normalizados. O formato tosco, próprio dos imbecis, maquia a perversidade de uma gente que mente, exclui e mata.
No xadrez da política, estes estão na linha de frente. Na retaguarda, forças perversas e poderosas, que nunca tiveram medo ou vergonha de apoiar a deflagração de golpes.
Não se pode temer o futuro ou sequer desacreditá-lo. O medo sempre foi ferramenta de contenção social. Mas é preciso ter clareza do que está por vir, para que possamos ter estratégias capazes de derrotar os ataques.
A consciência de classe e o reconhecimento da legitimidade dos sindicatos de trabalhadores são imprescindíveis para que a democracia seja semeada, cultivada e cuidada, como orientou o presidente diplomado Lula da Silva. Façamos!
(*) Professora da rede pública de ensino e diretora do Sinpro-DF