Por iniciativa da deputada distrital Arlete Sampaio, a Câmara Legislativa realizou uma sessão solene, na última quinta-feira, em homenagem aos 40 anos do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF).
A história do SindMédico-DF se confunde com a história da cidade, como lembrado pelo presidente fundador do SindMédico-DF, Dr. Carlos Saraiva e Saraiva. Junto a outros sindicatos já existentes na época, o dos médicos exercia o papel de caixa de ressonância das vozes da sociedade civil organizada, antes mesmo da existência da Câmara Legislativa. Esses sindicatos participaram do processo de emancipação e da estruturação política do DF na época da redemocratização.
Os tempos são outros, mudaram as demandas e os anseios das categorias profissionais e da população não se concentram necessariamente no mesmo campo político das décadas passadas. Não se perdem os méritos da história, mas eles também não se constituem em amarras às instituições.
Em 40 anos, ainda hoje deparamos com questionamentos sobre a atuação do sindicato diante dos problemas da saúde pública do DF. O vínculo do SindMédico com a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), é anterior à própria existência do sistema – os fundadores da entidade tiveram participação ativa na luta pela criação do SUS e o sindicato nunca se afastou da defesa dele. Mesmo quando ex-dirigentes passaram a exercer cargos de gestão, naturalmente, passaram a ser cobrados pelos que assumiram a comando da luta sindical.
A defesa do SUS e as denúncias contra o desmonte do serviço público de saúde no Distrito Federal não visam ao confronto ideológico com governador A, B ou C, do partido de direita, de esquerda ou de centro. Visam à garantia de serviço público de saúde ao conjunto da população, independentemente da situação socioeconômica de cada indivíduo, e à garantia de condições de trabalho e segurança jurídica para o exercício da atividade médica.
Quando o sindicato publica por meios próprios ou divulga à imprensa os problemas existentes em uma e outra unidade de saúde ou na estrutura da gestão da Saúde não é para constranger gestores ou governos. É porque, infelizmente, os problemas da Saúde só recebem a devida atenção quando se tornam de conhecimento geral e os governos se vêm pressionados pela opinião pública.
E só com a correção das falhas administrativas (como falta de abastecimento de medicamentos e materiais e falta de manutenção de equipamentos e insuficiência de servidores para atender à demanda populacional) que se criam as condições para melhor atender à população.
A melhora na oferta da assistência à saúde da população interessa aos profissionais, sindicatos, conselhos profissionais e outras instituições de classe tanto porque é uma questão de humanidade e cidadania quanto porque cria o cenário adequado para o melhor desempenho da atividade médica e para uma possível e desejada realização profissional. São objetivos convergentes.
Evidentemente, essa atuação tem incomodado sucessivos governantes, especialmente nos momentos em que escolhem usar os servidores públicos como bodes expiatórios para desviar para eles o peso da cobrança popular – como se não bastasse a pressão na ponta do atendimento das unidades de saúde.
Condições dignas de trabalho são indispensáveis para a prestação adequada de serviços à população e vamos continuar democraticamente perseguindo esses objetivos. Está no nosso DNA.