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colaboradores, Meio Ambiente

A COP 30 e a BR-319: casa de ferreiro, espeto de pau?

Anúncio do licenciamento para pavimentação do “trecho do meio”, os 400 Km que faltam do total de 885 Km entre Manaus de Porto Velho, leva a uma corrida de grileiros, madeireiros e pecuaristas na região

  • Júlio Miragaya
  • 14/11/2025
  • 12:00

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Foto: Divulgação/Dnit

Júlio Miragaya (*)

A realização da COP 30 em Belém tem um significado especial: pode reforçar nossa condição como um dos países líderes na cruzada mundial contra a predação ambiental promovida pela ganância capitalista, com consequências catastróficas para o clima do planeta. Mas se o Brasil quer efetivamente desempenhar essa liderança, não pode dar margem para o velho provérbio “Casa de ferreiro, espeto de pau”.

Não obstante a polêmica acerca da exploração de petróleo na Margem Equatorial, o governo Lula vem buscando atender a agenda ambiental, notadamente a redução do desmatamento na Amazônia, embora as pressões sejam pesadas, pois é do conhecimento geral que o principal fator de desmatamento na região tem sido a pecuária bovina, uma das “meninas dos olhos” da numerosa bancada ruralista. 

Façamos uma retrospectiva. A partir da década de 1970, ocorreu nas regiões Sul e Sudeste uma rápida conversão das áreas destinadas a pastagens para o cultivo de soja, milho e cana-de-açúcar. Deslocadas inicialmente para o Centro-Oeste, as pastagens também aí cederam terreno para tal conversão, e a Amazônia Legal se tornou um espaço privilegiado para a expansão da pecuária bovina.

Os dados são categóricos: em 1970, o rebanho bovino na Amazônia era de 7,2 milhões de cabeças, correspondentes a 9,2% do total nacional de 78,6 milhões. Vinte anos depois, em 1990, o efetivo bovino na Amazônia quadruplicou para 26,6 milhões, 18,1% do total de 147,1 milhões. Mais vinte anos se passaram e em 2010 o rebanho na Amazônia triplicou para 77,8 milhões, 37,2% do rebanho nacional de 209,5 milhões de cabeças. 

Em 2023, num cenário de disparada das exportações de carne bovina, o rebanho brasileiro cresceu para 238,6 milhões, 45% dos quais (107,2 milhões) na Amazônia. De 1990 a 2023, o efetivo nacional aumentou em 91,5 milhões de cabeças e 88% (80,6 milhões) desse aumento se deu na Amazônia. De 2010 a 2023, a Amazônia respondeu por 100% do aumento de 29,1 milhões de cabeças no País.

Ainda mais preocupante é onde está ocorrendo a expansão das pastagens na Amazônia. Se nos 53 anos de 1970 a 2023 o rebanho bovino cresceu 204% no Brasil e 1.393% na Amazônia Legal, na região do “Arco do Desmatamento” (do leste do Acre até o oeste do Maranhão, passando por Rondônia, sul do Amazonas, norte do Mato Grosso, centro e sul do Pará e oeste do Tocantins) o crescimento foi de inacreditáveis 4.123%, concentrando a sub-região 76,2% do gado amazônico. 

Paralelamente ao aumento do rebanho bovino ocorreu a expansão do desmatamento. Em 1970, a área desflorestada era de 220 mil Km². Ao ritmo de 9,6 mil Km² desmatados anualmente nas décadas de 1970 e 1980, chegou a 413 mil Km² em 1990. Desmatando 17,5 milKkm²/ano no período 1991/2002, chegou a 623 mil Km² desmatados em 2002. De 2002 a 2010 o desmatamento caiu para 15,5 milKkm²/ano, despencando para 5,6 mil Km²/ano de 2011 a 2015, com a área desmatada de 775 mil Km² em 2015. 

De 2016 a 2023, com o desmonte dos órgãos de controle ambiental e o abandono das políticas públicas, o ritmo voltou a aumentar para 9,6 mil Km²/ano, voltando a refluir em 2024/25 para 5,5 mil Km²/ano. Hoje, são 863 mil Km² de área desmatada na Amazônia Legal, quase 300% acima da existente em 1970. E a maior parte dessa área foi convertida em pastagens ou se tornaram pastagens degradadas.

E chegamos ao X da questão. Das 11 mesorregiões que compõem o Arco do Desmatamento, a que teve menor expansão do rebanho foi “Sul Amazonense”, e que, não obstante sua enorme extensão territorial de 476,1 mil Km² (47,6 milhões de hectares), abrigava em 2023 apenas 1,83 milhão de cabeças de gado, correspondente a 1,71% do rebanho amazônico, ou 2,24% do efetivo existente no “Arco do Desmatamento”.

Mas o simples anúncio do possível licenciamento para a pavimentação do chamado “trecho do meio” da BR-319 – os 400 Km que faltam ser pavimentados do total de 885 Km que separam Manaus de Porto Velho – levou a uma corrida de grileiros, madeireiros e pecuaristas para a região. A pressão vem de três frentes: Noroeste do Mato Grosso (de Colniza e Aripuanã sobre Apuí e Manicoré), Norte de Rondônia (de Porto Velho e Machadinho sobre Humaitá) e Leste do Acre (de Rio Branco e Porto Acre sobre Boca do Acre e Lábrea). 

Se é legítima a demanda dos amazonenses por uma ligação rodoviária com o restante do país, também é legítima a preocupação de se evitar que aconteça com o vasto sul amazonense a devastação que ocorreu em outras sub-regiões amazônicas. A complementação da pavimentação da BR-319 tem que ser precedida da criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral e a homologação de Terras Indígenas no entorno da rodovia, a exemplo do que foi feito quando da pavimentação da BR-163 (Cuiabá-Santarém), condição essencial para se evitar a devastação do sul amazonense. 

Com a palavra os governos Federal e do Estado do Amazonas.  

(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan (atual IPEDF) e do Conselho Federal de Economia

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Júlio Miragaya

Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

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