Projetos imobiliário inspirados no empreendimento Alphaville de São Paulo – Foto: Reprodução Blog Brasília, por Chico Sant´Anna
Chico Sant’Anna
O brasiliense assiste, atônito, ao anúncio da criação de vários novos bairros – Jóquei, Pátio Rodoviário, novas quadras no Guará, no Sudoeste e até uma cidade ao lado de Sobradinho. Os anúncios oficiais (algumas iniciativas são privadas) transparecem falta de planejamento de médio e longo prazo para a ocupação ordenada do solo urbano. Sem falar nas ocupações irregulares.
O que se vê são medidas isoladas publicadas na mídia. Mas a falta de visibilidade do planejamento assusta e incentiva a especulação imobiliária. Os espaços são escassos, tanto para quem tem renda, quanto para quem não tem recursos para morar. E o setor imobiliário investe em loteamentos no Entorno, próximos ao Plano Piloto. A proposta segue a referência do empreendimento paulista Alphaville. Cidades, bairros murados, cercados como fortificações e autônomos em relação à vizinhança, nem sempre do mesmo padrão social. É a “alphavillezação”.
Sonho de consumo
Morar em casasé visto como um elemento de qualidade de vida, de desfrute de lazer, diz o diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-DF), Diego Gama. Por isso, segundo ele, esses condomínios são um modelo almejado pelos brasilienses. Porém, muitos sofrem, há décadas, em decorrência de eles terem sido criados de forma irregular, sem segurança jurídica.
Segundo Gama, de 980 mil domicílios, apenas cerca de 600 mil têm matrícula. De olho nessa preferência do consumidor e na falta de áreas no ‘quadradinho’ do DF, a saída é atravessar a divisa. E Valparaíso de Goiás, pela curta distância e disponibilidade de terra, é a candidata da vez.
A cidade, assim como Novo Gama e Cidade Ocidental, surgiu da pressão imobiliária nos anos 1980, quando era área rural de Luziânia. Na época, empresas como Encol, Economisa e Construtora Ocidental começaram a construção dos ‘bairros’ de Luziânia. O modelo era mais aberto, sem apartar quem morava dentro dos de fora dos empreendimentos. Esses bairros cresceram e viraram cidades. Em volta deles, surgiram ocupações de padrão inferior, como Céu Azul, Lunabel, Jardim ABC, dentre outros.
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