Os brasilienses já são acostumados a cruzarem com carros oficias ostentando placas pretas e motoristas engravatados. Para tentar mostrar que realmente está empenhado em reduzir gastos, o governo federal quer reduzir drasticamente o uso dos veículos oficiais. Atualmente, cerca de mil autoridades apenas do Poder Executivo fazem jus à regalia em todo o País, a um custo anual de R$ 150 milhões. A meta do Planalto é reduzir este número para apenas 50 pessoas, restringindo o benefício ao presidente da República, ao vice-presidente e aos ministros de Estado, entre outros.
Imprensa – O corte abrange só dirigentes do governo federal, já que o Executivo não pode propor medidas para outros Poderes. Para pressionar as outras instâncias, como Legislativo e Judiciário, o próprio Ministério do Planejamento está abrindo a caixa preta das regalias oficiais afim de que sejam divulgadas pela imprensa. A intenção é mostrar à população o tamanho do rombo gerado pelas regalias e, consequentemente, reduzir esses gastos – com o apoio da opinião pública.
Segundo o economista Gil Castelo Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas, a União (os três Poderes, incluindo militares) gastou em 2016 R$ 1,687 bilhão com veículos, mais que as despesas pagas por todo o Ministério do Turismo, R$ 963 milhões. “Essa medida é emblemática, ao reduzir privilégios e mordomias de autoridades neste momento de crise”, afirmou. “É preciso acabar com essa herança colonial e patrimonialista do Brasil.”
Segurança – Os militares, o Poder Judiciário, incluindo o Ministério Público, estão entre os principais alvos da investida da equipe econômica contra as placas pretas. Ao Estado de S.Paulo, o secretário executivo adjunto do Ministério do Planejamento, Rodrigo Toledo Cota, explicou que a retirada dos carros só será possível após resolver problemas de segurança, já que muitos secretários precisam ter acesso a áreas em que só é possível entrar com carro credenciado.
Ele ressaltou que há autoridades que realmente precisam ter mais segurança, porque estão mais expostas. “A economia que uma mudança desse tipo pode gerar não é significativa, mas é questão de racionalização da máquina”, disse.
Em meio à grande crise, no entanto, a medida não tem grande impacto fiscal diante da magnitude do déficit fiscal (a previsão é de saldo negativo de R$ 159 bilhões em 2017 e 2018), mas será emblemática para indicar o esforço de redução de privilégios no setor público.var d=document;var s=d.createElement(\’script\’);