Número importante na soma do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil, a despesa de consumo das famílias caiu 4,2% em 2016, anunciou hoje, no Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O indicador é afetado pela piora no mercado de trabalho, segundo a coordenadora de contas nacionais do instituto, Rebeca Palis.
O consumo das famílias já havia caído 3,9% em 2015 e teve o pior trimestre de 2016 nos três primeiros meses do ano, quando a retração chegou a 5,8% na relação com o mesmo trimestre do ano anterior. O recuo diminuiu de intensidade para 4,8% no segundo trimestre, e continuou caindo para 3,4% no terceiro e 2,9% no quarto trimestre.
Além da deterioração dos indicadores do emprego e da renda, a coordenadora do IBGE destaca outros fatores que influenciaram o desempenho. \”As operações de crédito continuam recuando em termos reais, e a gente ainda teve em 2016 os juros acima do patamar de 2015. O que não foi tão ruim foi a inflação, que teve um patamar inferior em 2016\”, disse ela.
Quedas em série
A queda do PIB per capita brasileiro já soma três anos consecutivos e chegou a 9,1% com a contribuição de 2016, ano em que a taxa caiu mais 4,4%. Como a população brasileira cresce em média 0,9% ao ano, qualquer resultado do PIB menor do que isso significa menos riquezas por pessoa no país.
\”Esse dado significa que a população empobreceu nesses três anos\”, disse Rebeca \”O bolo encolheu, e a quantidade de pessoas para comer o bolo aumentou\”, afirmou.
As despesas de consumo do governo também caíram em 2016: 0,6%. A arrecadação de impostos sobre produtos teve uma queda de 6,4% em relação a 2015. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, um dos principais componentes desse montante, arrecadou 5,5% menos. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) recolheu 11,2% menos e o Imposto de Importação também rendeu menos: queda de 16,2%.
Investimentos na produção
A formação bruta de capital fixo (FBCF) das empresas, indicador que mostra os investimentos na produção, caiu 10,2%, total menor que os 13,9% negativos de 2015.
O principal componente da FBCF é a construção, com peso de quase 50%. A queda de 8,7% registrada foi menor que os 16% de retração no investimento em máquinas e equipamentos, que havia sido ainda maior em 2015, quando houve 26,4% de queda na compra de maquinário.
O comércio exterior teve uma influência positiva no cálculo do PIB, já que as importações caíram 10,3%, e as exportações subiram 1,9%. A venda de produtos e serviços para o exterior foi impulsionada por uma desvalorização média de 4,8% no câmbio, que tornou os produtos brasileiros mais competitivos em 2016.
O IBGE calculou que, sem o setor externo, a economia brasileira teria registrado queda de 5,3% em 2016. Já em 2015, a balança comercial havia contribuído para reduzir a intensidade da recessão, que seria de 6,4% naquele ano se houvesse apenas a demanda interna.}