A população não está gostando da ideia de pagar mais caro pela água. Pelo menos é que representantes da sociedade civil demonstraram durante a audiência pública realizada pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) na manhã desta segunda-feira (3/10), para discutir a tarifa de contingência que foi proposta na última semana.
Diante da maior crise hídrica da história — o nível da Barragem do descoberto caiu novamente, chegando a 32,35% — a agência definiu que, caso um dos reservatórios atinja 25% da sua capacidade, os moradores das residências que gastam mais de 10 m³ de água por mês vão pagar 20% a mais nas suas contas.
Pensada como uma forma de incitar a redução do consumo, a proposta foi criticada até mesmo por representantes da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), já que a cobrança ficará apenas 10% maior para usuários comerciais e industriais.
Desequilíbrio
“A companhia entende que está sendo exigido um esforço maior das residências. Isso está indo contra a resolução número 14 da Adasa. E indo contra o princípio da isonomia. O esforço de economia deve ser igual a todas as categorias”, criticou a representante da empresa, Jaína Maria Borges dos Santos. A justificativa da Adasa é que o percentual menor existe para evitar que haja risco de demissões no comércio por conta do aumento.
José Gurgel, do Fórum de Defesa do Parque do Guará, classificou a proposta como “indecorosa”. “Você propor um aumento em um país em recessão é um absurdo.” Muitos participantes chegaram a acusar a Adasa e Caesb de usarem a crise hídrica e a tarifa de contigo como forma de compensar os prejuízos trazidos pela greve de funcionários da companhia, que teve início em 16 de maio e durou 89 dias.
A Resolução nº 15, de 16 de setembro de 2016, pôs Brasília em situação crítica de escassez hídrica e ampara a cobrança da tarifa. A norma estabele estabelece que contribuintes terão de economizar em média de 12% a 15% de água para não pagar mais caro.
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