Gustavo Goes
O carnaval de Brasília não terá o tradicional desfile das escolas de samba. A folia, que começa no sábado, dia 6 de fevereiro, vai se restringir aos blocos de rua. Pelo segundo ano consecutivo, as agremiações acabam pagando a conta pela falta de verba no Governo de Brasília. O anúncio foi feito na terça-feira (5) pelo secretário de Cultura, Guilherme Reis, que investirá R$ 780 mil nos blocos de rua. Em 2014, esse investimento foi de apenas R$ 70 mil. Contra a ausência das escolas de samba, passistas da Acadêmicos do Varjão e a MC Bandida protestaram em frente ao Buriti na sexta-feira (8).
Os recursos da Secretaria de Cultura serão destinados à estrutura dos blocos de carnaval, dando prioridade aos de maior tradição, que não devem fazer grandes contratações de bandas e artistas. O custo inclui os blocos do pré-carnaval, que já entram em cena neste mês de janeiro, como o Tesourinha, Virgens da Asa Norte e Suvaco da Asa, que desfilam nos dias 15, 17 e 23, respectivamente.
Para as escolas restou a afirmação do secretário de Cultura: “para a realidade do governo neste momento, não é possível fazer repasses”. Segundo o presidente da União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo do Distrito Federal (Uniesbe), Geomar Leite, também conhecido como Pará, o governador Rodrigo Rollemberg pediu desculpas por telefone e prometeu que em julho e outubro serão feitos repasses para que agremiações quitem suas dívidas e realizem o carnaval de 2017.
“Estávamos esperançosos para este carnaval, porém, novamente, o governador foi contra tudo que ele prometeu. Temos verba direcionada no orçamento e, mesmo assim, temos uma dívida de R$ 2,5 milhões. Fazemos um espetáculo aberto ao público e de cunho social, que envolve 2 mil funcionários. Enquanto o governo gasta R$ 25 milhões custeando jogos olímpicos, que terão ingressos caríssimos e um público restrito”, disse.
A demora no anúncio dos investimentos para o carnaval, que estava previsto para acontecer em novembro, também foi criticada pelo presidente. “Nós teríamos R$ 7,5 milhões a partir de emendas parlamentares. Porém, o anúncio feito apenas em 2016 acabou com nossas esperanças. Não temos tempo hábil para preparar a festa”, completou.
É a quinta vez que as escolas de samba do DF não pisam na avenida e, embora isto represente um atraso, segundo Pará, é algo corriqueiro em transições de governo. Ao ano de 2015, são somados os de 1981, 1995 e 2003 em que não houve desfile de escolas de samba.
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