Orlando Pontes
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Ricardo Kotscho foi secretário de imprensa do ex-presidente Lula entre 2003 e 2004. Quando deixou o cargo, decidiu não procurar emprego fixo, como fez ao longo de 40 anos de carreira profissional. Esta experiência foi contada no livro “Uma vida nova e feliz… sem poder, sem cargo, sem carteira assinada, sem crachá, sem secretária e sem sair do Brasil” (editora Ediouro, 248 páginas).
Ele vendeu a casa num bairro pacato e passou a morar num apartamento alugado em área mais central de São Paulo. Na vizinhança reside sua filha, o que lhe propicia visitar as netas diariamente. Com tempo sobrando, passou a andar a pé e a observar melhor personagens do cotidiano da cidade, sem se ligar tanto ao noticiário da grande imprensa. E descobriu histórias maravilhosas narradas no livro.
Gugu é o apelido de Gumercindo, ex-soldado do Corpo de Bombeiros de Brasília. Aposentado, voltou a morar em sua cidade natal, a pequena Olhos d’Água, no município de Alexânia (GO), a 100 Km de Brasília. É um faz-tudo. Inventor nato e apreciador das coisas da natureza. Pratica mergulho por apnéia e pesca com arpão. Recentemente, gastou todas as economias para ir com a mulher, Ana, para o Nordeste, decidido a aprender voar de parapente. Aprendeu e tem praticado o esporte pelos céus goianos.
A exemplo de Kotscho, Gugu se volta cada vez mais para as coisas simples, que dão felicidade e não status; que dão alegria e não dinheiro; que nos fazem viver cada vez mais e não morrer cada dia um pouco. Dia desses, Gugu bateu à minha porta convidando-me para ir ver uma coisa, mas não adiantou do que se tratava. Pegamos a estrada retornando de Olhos d’Água para Alexânia. Em determinado trecho ele parou o carro, apontou para um lindo e florido ipê amarelo:
– Veja como ele está pedindo socorro. Ele olhou pra mim e disse: me salva, me tira daqui.
E esclareceu:
– Estão construindo um loteamento e o ipê ficou bem no meio de um pequeno lote. Com certeza, ele será derrubado. E quando olhei pra ele, senti que ele me pedia socorro. Então tive a ideia de fazer uma vaquinha com amigos para transplantá-lo para perto da minha casa. Eu ficaria encarregado de regá-lo diariamente, para assegurar que ele sobreviverá.
Aderi in continenti à ideia. E me lembrei de uma passagem do capítulo XXV do Evangelho Segundo o Espiritismo – “Buscai e Achareis” –, onde Jesus ensina: “não ajunteis para vós tesouros na Terra, onde a traça e os vermes os corroem, e onde os ladrões os arrebatam e roubam. Mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem os vermes os corroem, nem os ladrões os roubam, pois onde está teu tesouro, aí está também teu coração”.
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