Para tentar evitar uma derrota no Senado da indicação de Luiz Edson Fachin ao STF (Supremo Tribunal Federal), a presidente Dilma Rousseff pediu que ministros buscassem convencer senadores a aprovar o nome do advogado e chamou para uma conversa o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
- Advertisement -
O gesto mais simbólico de Dilma foi convidar Renan para acompanhá-la nesta segunda (11) na viagem ao velório do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), em Santa Catarina. A presidente quer reduzir a resistência de Renan a Fachin e quis mostrar disposição ao diálogo.
Renan já deixou claro nos bastidores que não fará nada para ajudar o governo a aprovar o nome de Fachin. O presidente do Senado está irritado com o Planalto desde que seu nome foi incluído entre os políticos investigados pela Operação Lava Jato, por suspeita de envolvimento com a corrupção na Petrobras.
Em conversas reservadas, o senador não esconde que gostaria de ver a rejeição do advogado indicado por Dilma, mas admite que não pode fazer campanha aberta contra Fachin por causa do risco que correria se ele fosse aprovado e o novo ministro se transformasse em adversário.
Dilma também convocou seus ministros que vieram do Senado ou que têm ligações com políticos para que trabalhem a favor da confirmação de Fachin, hoje considerada difícil por causa da ligação do advogado com causas progressistas como a reforma agrária, num momento que prevalece no Congresso uma agenda conservadora.
Na avaliação do Planalto, o futuro do advogado vai depender de seu desempenho na sabatina marcada para esta terça (12) em comissão do Senado. Segundo assessores, se ele der respostas a todos os questionamentos, vai abrir caminho para sua aprovação.
Caso contrário, avaliam assessores palacianos, a situação de Fachin ficará muito mais difícil. Primeiro, ele precisa ser sabatinado e aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Depois, seu nome será analisado no plenário, o que pode ocorrer nesta terça ou na quarta (13). Ambas as votações são secretas.
Renan terá papel essencial na votação no plenário da Casa, porque o indicado precisa obter pelo menos 41 votos favoráveis a seu nome. Se Renan marcar a votação em um dia de plenário esvaziado, por exemplo, há riscos de Fachin não alcançar o quorum mínimo para ser aprovado.
Aliados do peemedebista afirmam que a preocupação de Fachin deve estar justamente na votação do plenário, onde o Planalto terá dificuldades para mapear individualmente eventuais defecções na base governista.
- Advertisement -
Na CCJ, o advogado precisa da maioria dos votos. Aliados de Fachin apostam na aprovação, já que o universo de 27 membros permite ao governo identificar –mesmo numa votação secreta– aqueles que votarem contra.
DESGASTE
A oposição promete questionamentos duros para desgastar a imagem do advogado. DEM e PSDB vão cobrar detalhes sobre sua ligação com movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, o vídeo em que defende a candidatura de Dilma em 2010 e o exercício da advocacia privada no período em que foi procurador do Paraná.
Apesar de o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) ser o relator da indicação e um dos principais aliados do advogado, ele não tem o apoio dos principais líderes do partido.
Com cinco titulares na CCJ, o PT fechou questão em favor de Fachin. No PMDB, maior bancada do Senado, os senadores estão divididos em relação à indicação –cenário que se repete em outras siglas aliadas do governo federal.
O advogado dedicou os últimos dias a se preparar para a sabatina. Em Brasília desde a semana passada, Fachin visitou mais de 70 senadores e distribuiu a todos cópias impressas do seu currículo.
Católico, o advogado foi no domingo a uma igreja da capital rezar antes da sabatina. Depois, se fechou no hotel onde está hospedado e se dedicou a horas de leitura para responder aos questionamentos dos senadores na sabatina desta terça.
Leia mais:
https://bsbcapital.com.br/antigo2/jurista-fachin-nao-revela-quanto-recebeu-para-defender-a-copel/
https://bsbcapital.com.br/antigo2/topico/politica-2/
https://bsbcapital.com.br/antigo2/presidente-da-franca-chega-a-cuba/