Miguel Setembrino Emery de Carvalho (*)
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Enfim, apresentou-se ao distinto público, depois de idas e vindas intermináveis, o balanço “oficialmente auditado” da Petrobras, que apesar dos números escandalosos, da confissão inédita (e vergonhosa) de corrupção, impressa com todas as letras, deixa em todos nós a estranha sensação de que a montanha pariu um rato.
Considerado peça fundamental na retomada econômica brasileira, capaz de restaurar a credibilidade no país e trazer de volta os investimentos, o balanço em questão mais assusta que acalma, vez que, no caso em questão, as entrelinhas ganharam incômoda proeminência e protagonismo.
Está tudo lá. A confissão dos desmandos políticos que geraram a incúria e a degeneração administrativa, culminando em corrupção desenfreada e gestão temerária, capaz de torrar bilhões de dólares em delírios grandiloquentes do socialismo companheiro, que almejava construir um modelo de governança apoiado no dirigismo e centralismo estatal. Deu no que deu.
A bonança do pré-sal, ovo na cloaca da galinha, panaceia para todos os males que acometiam o Brasil, revelou-se falso bilhete premiado, haja vista que para usufruí-lo exigia-se trabalho e investimentos acima da capacidade financeira e técnica da empresa.
Exigia-se realismo e transparência, seriedade e competência, enfim, predicados totalmente fora do alcance dos comissários e cúmplices do desmanche da outrora joia da coroa.
Agora, todos sabemos a forma dura e implacável como esse festim macabro e imoral impactou na vida da nação. Não há franja no tecido social e econômico brasileiro que não tenha sido esgarçada pelas garras implacáveis da corrupção desenfreada.
Todos os segmentos produtivos foram contaminados. O país vive a retomada da inflação, da estagnação econômica, da perda e precarização de postos de trabalho, da desmoralização ainda maior (se isso é possível), da classe política.
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Enfim, do operário ao industrial, do agricultor ao supermercadista, todos os brasileiros estão sendo duramente penalizados pelas escolhas criminosas, em todos os campos da atividade nacional, dessa elite dirigente irresponsável e incompetente.
Estamos todos como pescadores de águas turvas, jogando linha, isca e anzol, buscando desesperadamente o peixe, mas sem saber se nesse lago ainda existe o cardume, ou se há muito as piranhas o dizimaram.
(*) Advogado e vice-presidente da Fecomércio/DF